Encontrar um bom auscultador com cancelamento ativo de ruído em 2025 é quase como escolher um restaurante em uma cidade cheia de opções boas — cada um tem sua especialidade, e o melhor depende do que você está com vontade. No caso do Sony ULT Wear, do Soundcore Space One Pro e do Space Q45, todos prometem o mesmo cardápio: som encorpado, silêncio digital e conforto no uso diário. Mas a forma como cada um entrega esses ingredientes muda completamente a experiência.
O Sony ULT Wear entra com tudo, apostando numa sonoridade poderosa e numa pegada visual quase agressiva. Já o Space Q45 mantém o perfil discreto e competente de quem já se provou no mercado. Mas é o Space One Pro que chega afinado, ajustado nos detalhes, equilibrado na medida — e é exatamente isso que chama mais atenção. A seguir, a gente destrincha o que separa esses três modelos e por que um deles se destaca sem precisar gritar.
Portabilidade, design e conforto: leve no pulso, leve na cabeça

Começando pela parte que a gente sente logo de cara: o encaixe na cabeça. O Space One Pro consegue distribuir o peso de forma muito mais suave que os outros dois. Mesmo depois de horas, ele continua ali, firme, sem incomodar ou apertar nas laterais como o Sony tende a fazer após longas sessões.
O formato dos copos no One Pro gira com mais amplitude, permitindo que ele se dobre de maneira compacta, perfeita para quem carrega o fone na mochila. O Sony ULT Wear também é dobrável, mas ocupa mais espaço e tem uma construção mais rígida. O Q45, apesar de ainda ser confortável, já mostra sinais de que foi projetado numa época em que o mercado não era tão exigente nesse quesito.
Visualmente, o ULT Wear chama atenção de longe — tem aquele botão ULT chamativo, carcaça robusta, quase uma estética de fone gamer que saiu na rua. O Space One Pro segue o caminho oposto, com um visual mais limpo, elegante, quase profissional. O Q45 fica no meio do caminho, mas já carrega um ar um pouco datado, como se fosse uma releitura da geração passada — e é isso mesmo.
Cancelamento de ruído: silêncio de verdade, não de marketing
Agora, vamos ao que interessa: o silêncio. O Space One Pro lidera com folga. Ele isola melhor ruídos médios e altos, e faz isso sem criar aquele efeito de pressão exagerada nos ouvidos. Mesmo em ambientes como avião ou metrô, a gente sente o isolamento acontecer de forma natural e eficiente.
O Sony ULT Wear até tenta competir, mas tem dificuldade com sons constantes e graves, como o ronco de motor. Seu foco parece estar mais nos impactos sonoros rápidos — o que até faz sentido, considerando a proposta mais voltada para música intensa. Já o Q45, que foi muito elogiado na época do lançamento, ainda faz um bom trabalho no dia a dia, mas começa a perder terreno quando o ambiente é mais barulhento.
No fim das contas, quem procura um fone para trabalhar, estudar ou viajar em paz vai sentir a diferença — e vai querer a precisão do Space One Pro.
Modo ambiente: ouvir o mundo sem tirar o fone

No modo transparência, o Q45 ainda surpreende. É ele quem entrega o som ambiente mais natural, com voz clara, sem eco ou abafamento — como se você estivesse sem fone. Isso ajuda bastante para quem precisa ouvir anúncios ou conversar rapidamente sem tirar o equipamento da cabeça.
O Space One Pro vem logo atrás, com bom desempenho, mas a própria voz de quem usa fica um pouco distorcida. Nada que atrapalhe, mas é um detalhe perceptível. Já o ULT Wear… bom, ele até tem modo ambiente, mas soa artificial demais. A representação das vozes é seca, quase robótica. Funciona, mas fica claro que essa não é a prioridade do modelo.
Som: onde cada um mostra a sua cara
Se o assunto for grave, impacto, batida, não tem discussão: o Sony ULT Wear leva a coroa. O botão ULT ativa dois níveis diferentes de reforço de graves — e quando o modo ULT2 entra, a coisa vibra. Literalmente. É um espetáculo para quem ouve hip hop, pop, trap ou qualquer coisa com subgrave marcante.
Mas isso tem um preço. O resto do espectro sonoro sofre um pouco. Vocais perdem espaço, os médios se retraem e, em certos estilos mais acústicos ou vocais, o som perde equilíbrio.
É aí que o Space One Pro brilha. Ele oferece um palco sonoro mais limpo, com médios bem definidos, vocais presentes e agudos controlados. Não é um fone “neutro” no sentido técnico, mas sim uma afinação voltada para a fidelidade casual. E o melhor: você pode ajustar tudo com o equalizador gráfico do app, incluindo o recurso HearID, que adapta o som ao seu perfil auditivo.
O Q45 ainda agrada pelo equilíbrio. Tem uma assinatura leve, com graves suficientes e agudos brilhantes. Mas já não oferece a mesma riqueza de personalização nem o nível de definição que os dois irmãos mais novos alcançam com folga.
Controles: botão, toque ou confusão?

Essa é uma daquelas escolhas que dividem opiniões. O Space One Pro vai na simplicidade: só botões físicos. Nada de deslizar o dedo ou aprender gestos — é só apertar. E isso, para muita gente, é um alívio.
O Sony ULT Wear, por outro lado, usa comandos por toque. Eles funcionam bem, são responsivos, mas exigem uma certa delicadeza. Em movimento, com vento ou durante uma corrida, podem falhar. O Q45 mistura os dois mundos, mas a sensação geral é de que o tempo passou e a resposta dos comandos já não está no mesmo nível dos outros dois.
Chamadas: quando o microfone faz a diferença
Se você costuma usar o fone para ligações, reuniões ou mensagens de voz, esse ponto é crucial. E o Space One Pro é, sem dúvida, o mais eficiente nesse aspecto. Em ambientes barulhentos, ele mantém a voz limpa, clara, e consegue cortar ruídos com precisão impressionante.
O Q45 se sai bem, mas capta mais som ambiente. Não compromete, mas exige um pouco mais de silêncio ao redor. O ULT Wear, infelizmente, deixa a desejar. A voz sai abafada, com ruídos entrando fácil. Para chamadas rápidas até funciona, mas para conversas mais longas, especialmente em ambientes externos, complica.
Extras: quem entrega mais fora da caixa
O ULT Wear tenta se destacar com recursos de áudio espacial e head tracking — funções que funcionam em alguns apps e dispositivos, mas ainda são limitadas em uso real. Legal para assistir a filmes no iPhone, por exemplo, mas irrelevante se você usa Android ou ouve música em plataformas sem suporte.
O Space One Pro, por outro lado, oferece suporte a Dolby Audio, o que melhora a espacialidade do som em qualquer conteúdo, sem depender de ecossistemas. Uma solução mais democrática — e mais útil no cotidiano.
Ambos os modelos da Soundcore ainda têm emparelhamento multiponto funcional, permitindo alternar entre dois dispositivos sem dor de cabeça. O Sony também tem isso, mas a troca entre dispositivos nem sempre é fluida, e às vezes exige intervenção manual.
Bateria: nenhum problema por aqui

A autonomia é generosa em todos os três. Com cancelamento desligado, chegam fácil às 50 horas. Com cancelamento ligado, essa conta cai para cerca de 30, dependendo do volume e das funções extras ativas.
O carregamento rápido via USB-C também está presente nos três, garantindo horas de uso com poucos minutos na tomada. Nesse ponto, nenhum deles decepciona, mas também nenhum inova.
Conclusão: o Space One Pro entrega mais, com menos ruído
Depois de testar os três, ficou claro que o Soundcore Space One Pro é o fone que consegue fazer tudo bem — e ainda oferece controle sobre o que você quer que ele faça. Ele não tem o grave arrasador do Sony, mas compensa com equilíbrio, conforto, clareza e uma experiência de uso mais consistente.
O Sony ULT Wear é divertido, visualmente chamativo, e oferece uma imersão física no som. Mas falta polimento nos detalhes: chamadas, transparência, cancelamento, microfone. Já o Q45 ainda segura a onda, especialmente para quem quer gastar menos. Mas, perto do Pro, ele soa como um modelo de outra época.
Se a sua prioridade é potência, o Sony pode ser tentador. Mas se você quer um fone que funcione bem em tudo, e ainda possa ser ajustado ao seu gosto, o Space One Pro é a escolha mais sensata — e, provavelmente, a mais duradoura.
Às vezes, não é o mais barulhento que vence. É o que escuta melhor você.



