Quem nunca teve a impressão de que a nova versão de um smartwatch é só mais do mesmo, mas com um número diferente no nome? A gente entende bem essa sensação — parece que a marca fez uma maquiagem rápida no produto anterior e lançou como novidade. Quando colocamos o Xiaomi Watch S4 lado a lado com o Watch S3, essa dúvida surge imediatamente. Mas a gente decidiu ir além das aparências e analisar, peça por peça, o que realmente mudou.
Logo de cara, já dá para dizer que há mais refinamento do que revolução. Só que em produtos como esse, onde o básico já estava acertado, cada ajuste sutil pode ter um impacto enorme no uso diário. Vamos comparar os dois modelos ponto a ponto e entender se o Watch S4 justifica a troca — ou se é só mais um repeteco com embalagem nova.
Tela muito mais brilhante: você vai sentir no primeiro sol

À primeira vista, as telas parecem idênticas. E tecnicamente, em tamanho e resolução, são mesmo. Ambos os modelos contam com um painel AMOLED de 1,43 polegada, resolução de 466 × 466 pixels e 326 ppi. Mas isso não conta toda a história.
O que muda — e muito — é o brilho. Enquanto o Watch S3 tinha um brilho máximo de 600 nits, o novo Watch S4 chega a 1.050 nits em uso normal e até 2.200 nits em pico, com suporte a brilho adaptativo. A diferença é brutal, especialmente ao ar livre. Não tem mais aquele esforço pra enxergar a tela quando o sol bate direto. É como sair de um carro com faróis comuns para um com LED — você nunca mais quer voltar.
Essa melhoria torna o uso do relógio em ambientes externos não só possível, mas confortável. Para quem corre, pedala ou simplesmente caminha sob o sol, essa mudança deixa de ser só um número técnico e vira uma questão prática.
Navegação turbinada: adeus botões duros, olá coroa fluida
Sabe aquele incômodo sutil ao tentar rolar menus no Watch S3 usando os botões achatados e a touchscreen? Ele foi resolvido. E como. O Watch S4 abandona os dois botões laterais e adota uma única coroa giratória com feedback tátil, acompanhada de um botão extra mais discreto.
A rolagem fica mais intuitiva, mais precisa, e você não precisa ficar com o dedo colado na tela o tempo todo. Quem já tentou mexer na interface com o dedo molhado ou suado sabe como isso ajuda. É o tipo de mudança que parece cosmética, mas transforma a usabilidade.
Além disso, a sensação física de girar a coroa dá uma resposta mais imediata, quase como usar um relógio analógico com tecnologia digital. Pequeno detalhe? Talvez. Mas é aí que mora a diferença.
Moldura modular com trava e alerta: não desgruda mais

Um dos toques mais peculiares do Watch S3 era a moldura removível, que permitia personalizar o visual do relógio trocando apenas o aro. O conceito continua no Watch S4, mas agora muito mais confiável.
A fixação da moldura ficou mais firme e ganhou um sistema de detecção automática de encaixe — se ela estiver mal posicionada, o relógio te avisa. Isso evita aquele susto de olhar pro pulso e perceber que a moldura desapareceu sabe-se lá onde.
A gente não está falando de uma reinvenção, mas sim de um polimento esperto de algo que já era bacana, mas precisava de mais segurança. Agora a moldura decorativa virou parte real do conjunto — não só estética, mas funcional.
Mesmas medidas, mesmo conforto: quase um clone no pulso
Não adianta procurar diferença no tamanho: não tem. O Watch S4 mede 47,3 × 47,3 × 12 mm e pesa 44,5 gramas. Já o Watch S3 tem 47 × 47 × 12 mm e 44 gramas.
Traduzindo: é exatamente a mesma sensação no pulso. Não incomoda, não pesa, não interfere em movimento algum. A leve diferença de meio grama é imperceptível, e o formato do corpo é virtualmente idêntico.
O que muda mesmo é o visual mais limpo e a transição mais suave entre corpo e moldura no modelo novo. Mas em termos de usabilidade, não há surpresas — e talvez isso seja até bom.
Bluetooth 5.3: conexão um pouco mais eficiente

É o tipo de detalhe técnico que quase ninguém comenta, mas está lá. O Watch S4 vem com Bluetooth 5.3, enquanto o S3 ainda estava na versão 5.2. Na prática, isso significa pareamento ligeiramente mais rápido, conexões mais estáveis e menor consumo energético.
Você vai sentir essa diferença? Provavelmente não de forma direta. Mas ela está ali, ajudando o sistema a parecer mais fluido e menos suscetível a falhas bobas. Para quem usa fones Bluetooth ou vive trocando de dispositivos conectados, essa melhoria faz sentido.
Mesmo sendo uma atualização discreta, é mais uma peça no quebra-cabeça da experiência mais refinada.
Mesma bateria, mesma autonomia: ainda segura as pontas
Aqui a Xiaomi decidiu não mexer em nada. E honestamente, foi uma escolha segura. Tanto o Watch S3 quanto o Watch S4 prometem até 15 dias de uso com uma única carga, ou 5 dias com o modo always-on ativado.
Não há mudanças na capacidade da bateria, nem na eficiência energética geral — ao menos oficialmente. E considerando o aumento de brilho da tela no S4, é até surpreendente que a autonomia tenha se mantido igual.
Isso mostra que houve algum nível de otimização interna, mesmo que não seja divulgado. No dia a dia, é tranquilizante saber que você não vai ter que colocar o relógio pra carregar a cada dois ou três dias, como em muitos concorrentes.
Sensores praticamente iguais: o foco foi no algoritmo
Na ficha técnica, tudo parece igual. Monitoramento de batimentos cardíacos, oxigenação do sangue (SpO2), sono, estresse, atividades físicas e suporte ao GNSS com múltiplos satélites — tudo isso segue idêntico nos dois modelos.
A única mudança anunciada foi um refinamento no algoritmo de medição dos batimentos cardíacos, que agora estaria mais preciso e responsivo a variações rápidas. É o tipo de melhoria que você só nota em situações específicas — como exercícios de alta intensidade.
Não há novos sensores, nem grandes revoluções na parte de saúde. Para quem esperava um salto no rastreamento fitness, pode haver uma leve decepção. Mas o que já funcionava continua lá — só que mais ajustado.
No fundo, o S4 é o mesmo S3… só que mais esperto

Olhando para o todo, fica claro que o Xiaomi Watch S4 não tenta reinventar o formato que deu certo. Ele pega o que o S3 fazia bem e melhora o suficiente para parecer mais sofisticado, mais moderno e mais agradável de usar.
O brilho da tela transforma a experiência ao ar livre. A nova coroa muda completamente a forma de navegar pela interface. A fixação da moldura finalmente transmite confiança. E os pequenos toques em conectividade e sensores dão um tempero extra.
É uma evolução discreta, mas perceptível. Não é como mudar de um carro básico para um esportivo — mas é como trocar o mesmo modelo por uma versão mais bem-acabada, com direção mais leve e faróis melhores.
Conclusão: o Watch S4 é melhor — e é difícil voltar atrás
A gente precisa ser direto aqui: o Xiaomi Watch S4 é, sim, melhor que o Watch S3. E não é por um único motivo, mas pelo conjunto da obra. A Xiaomi não quis fazer barulho com novidades chamativas — preferiu escutar o que incomodava os usuários e corrigir.
A tela com brilho impressionante muda o uso diário mais do que qualquer outro item da lista. É desconfortável perceber isso só depois de passar a usar o modelo novo — porque aí, qualquer volta ao S3 parece um retrocesso.
A coroa giratória parece simples, mas é um divisor de águas. A experiência deixa de ser mecânica e vira algo mais fluido, mais próximo do natural. Se antes a interação era funcional, agora ela é prazerosa. Isso não se mede em especificações — mas se sente a cada uso.
As melhorias são silenciosas, mas profundas. Nada foi reinventado — e mesmo assim, quase tudo parece melhor. A moldura que não solta, a conectividade mais estável, a bateria mantida mesmo com tela mais potente… Tudo isso mostra que o produto foi pensado, não apenas lançado.
Agora, se você já tem o Watch S3 e está feliz com ele, não precisa sair correndo pra trocar. Mas prepare-se: se experimentar o Watch S4 por alguns dias, a sensação de voltar pro modelo anterior é de que falta algo. A Xiaomi foi precisa nos ajustes, e o resultado é claro — o Watch S4 não substitui o S3 por força de marketing. Ele substitui porque é simplesmente melhor.
Só não espere uma revolução. Porque, nesse caso, o avanço está mesmo nos detalhes.


