Trocar de smartband não é uma decisão fácil. Ainda mais quando o mercado está cheio de promessas e atualizações que parecem recicladas. Em 2024, a gente se viu diante de três opções que, à primeira vista, pareciam competir em pé de igualdade: a Xiaomi Smart Band 9, a Galaxy Fit 3 e a Huawei Band 9. Só que bastam alguns dias no pulso para a gente perceber que as diferenças entre elas são reais, impactam a rotina e nem sempre seguem o que a ficha técnica sugere.
Foi com esse olhar que mergulhamos fundo nas três smartbands. E a surpresa veio em detalhes: sensores que acertam mais em certas condições, baterias que aguentam o tranco com mais eficiência, sistemas que se entendem melhor com o nosso dia a dia. A gente achou que a escolha seria fácil — não foi. Mas depois de analisar, testar e comparar cada uma em contextos reais, ficou mais claro quem está jogando em outro nível.
E agora é hora de te contar tudo, sem enrolação, começando por onde o bicho pega de verdade: a saúde.
Monitoramento de saúde: não basta medir, tem que interpretar direito

A gente já viu de tudo nesse mercado — de promessas de ECGs em miniatura a sensores milagrosos que desaparecem na geração seguinte. Em 2024, a coisa amadureceu um pouco. As três smartbands oferecem medições constantes de frequência cardíaca, SpO2, qualidade do sono, estresse e atividades diárias como passos e calorias, mas nem todas acertam com a mesma consistência.
A Xiaomi Smart Band 9 apresenta gráficos de batimentos cardíacos muito próximos dos resultados obtidos com monitores de peito, algo que sempre foi um ponto fraco em wearables mais acessíveis. A Galaxy Fit 3 também manteve boa precisão nesse ponto, ainda que a leitura seja um pouco mais lenta. Já a Huawei Band 9 parece ter dado um passo atrás: os picos ficam menos claros e as variações parecem suavizadas demais.
No SpO2, ninguém escorregou feio. Todas entregaram leituras confiáveis durante o uso comum, mas nenhuma foi testada em cenários extremos de oxigenação, então ainda não dá pra confiar nelas em situações críticas, como grandes altitudes ou crises respiratórias.
Agora, falar de estresse é entrar numa zona cinzenta. Nenhuma dessas bandas tem sensores específicos para isso — tudo é baseado na variação da frequência cardíaca e em padrões de movimento, o que soa bonito na teoria, mas na prática ainda parece mais palpite do que ciência. Mesmo assim, a Xiaomi se saiu melhor na leitura emocional do dia a dia, com alertas coerentes e momentos de relaxamento bem sinalizados.
Quando o assunto é sono, a conversa muda. A Huawei Band 9 continua sendo referência, com relatórios detalhados, sugestões contextualizadas e uma divisão clara entre os estágios do sono. Só que a Xiaomi encostou nesse nível e, em algumas noites, até superou os dados da Huawei, principalmente em identificar microdespertares. A Galaxy Fit 3, infelizmente, ainda sofre com registros falsos de acordar no meio da noite — algo que a linha Galaxy vem carregando há anos.
Na contagem de passos, nenhuma é perfeita. A Huawei tende a exagerar os números, assim como a Galaxy Fit 3. A Xiaomi Smart Band 9 se manteve mais estável e próxima do número real, além de permitir boa calibragem com base no tamanho do passo.
Rastreamento de atividades físicas: não basta contar, tem que entender
Chegou a hora de treinar — e a gente quer mais do que um contador de calorias. O que interessa é detecção precisa de atividades, bom detalhamento pós-treino e recursos que ajudam a manter o ritmo.
Aqui, a Xiaomi Smart Band 9 impressiona com mais de 150 modos de treino, dos mais tradicionais aos mais inusitados. Não é só quantidade, claro, mas a organização e a categorização dos exercícios fazem diferença. A interface facilita o acesso aos favoritos e a customização é ampla.
A Galaxy Fit 3 oferece cerca de 100 modos, mas tem um trunfo que a Xiaomi não traz: um sensor barométrico que detecta elevação, excelente para trilhas e subidas. Além disso, a detecção automática de treino é mais rápida e confiável na Galaxy, algo que sentimos bastante em caminhadas leves ou sessões de esteira.
A Huawei Band 9 corre por fora, mas com um detalhe que importa: o sensor de 9 eixos. Isso garante leituras mais fiéis em movimentos complexos, como em treinos de HIIT, yoga ou artes marciais. Nos testes, ela captou melhor as mudanças rápidas de direção e os padrões irregulares de movimento.
Mesmo com diferenças na abordagem, todas oferecem resumos com calorias, distância, tempo e ritmo. A Xiaomi entrega gráficos mais completos, com zonas de esforço bem delimitadas, enquanto a Galaxy aposta numa interface mais visual e limpa. A Huawei fica no meio-termo, sem grandes inovações este ano.
Duração da bateria e tempo de recarga: quem aguenta a rotina?

Nada mais frustrante do que tirar a pulseira no meio do dia porque a bateria te abandonou. Por isso, a gente sempre começa os testes de autonomia com os mesmos hábitos: monitoramento contínuo, notificações ativadas e sono rastreado todas as noites.
A Xiaomi Smart Band 9 é, de longe, a que entrega mais tempo longe do carregador. Com 233 mAh, ela pode chegar a 15 dias de uso moderado sem drama. O chip é eficiente, e o sistema parece bem otimizado.
A Galaxy Fit 3 vem com 208 mAh e dura cerca de 10 dias com os mesmos padrões de uso, mas o tempo de recarga é mais longo — mais de 1h30 para chegar aos 100%. Já a Huawei Band 9, mesmo com apenas 180 mAh, surpreende: chega a 8 ou 9 dias de uso, graças a uma tela menor e menos brilho.
Ah, e tem uma curiosidade útil: o carregador da Huawei funciona na Galaxy Fit 3, então se você já tiver um, pode economizar um fio a mais no setup.
Construção e sensores: por dentro e por fora
Pode parecer detalhe, mas o design importa — e os sensores internos também. A Xiaomi Smart Band 9 é a única das três sem botão físico, o que pode incomodar quem prefere uma interação direta em vez de toques na tela. Em contrapartida, os sensores novos melhoraram a precisão em quase todos os tipos de medição, principalmente nos batimentos.
A Galaxy Fit 3 vem com um conjunto equilibrado. O botão lateral ajuda na navegação e o corpo parece mais sólido. O desempenho é estável e a responsividade nunca decepcionou, mesmo em transições rápidas de telas.
Já a Huawei Band 9 aposta no diferencial técnico: o sensor de 9 eixos segue como destaque, mas o design é quase idêntico à geração anterior. A construção é leve, confortável, mas passa uma sensação de repetição — parece que ficamos presos em 2023.
Tela e interface: é aqui que a experiência muda

Todo mundo tem seu gosto quando o assunto é tela. Uns querem brilho forte, outros priorizam contraste. O importante é ter opções — e nesse ponto, cada modelo oferece um combo diferente.
A Xiaomi Smart Band 9 alcança níveis altíssimos de brilho, o que ajuda muito em ambientes externos. Mas o modo always-on ainda parece apagado demais, talvez por conta do firmware. A Galaxy Fit 3 entrega um equilíbrio ótimo: cores vivas, boa resolução e uma estética refinada.
A Huawei não mudou muito. A tela segue competente, com brilho automático e boa nitidez, mas sem avanços claros em relação à geração anterior.
Sobre os mostradores, a experiência varia bastante. A Galaxy Fit 3 tem menos opções, mas a curadoria é excelente — mostradores bonitos, funcionais e fáceis de ler. A Xiaomi oferece mais variedade, e muita customização. A Huawei, por outro lado, piorou: colocou mais opções pagas na frente e bagunçou a loja de mostradores, o que atrapalha a escolha.
Sistema e funcionalidades: quem sabe fazer mais, melhor?
Por trás de cada smartband está o sistema que comanda tudo. E não adianta ter sensores bons se o software atrapalha. Em 2024, todas ainda rodam versões leves baseadas em RTOS, mas com interfaces e recursos que fazem muita diferença.
A Xiaomi Smart Band 9 é a mais personalizável do trio. Dá pra mudar quase tudo: widgets, ordem de menus, atalhos, alertas… É um playground. A Galaxy Fit 3, por outro lado, é a mais fluida e intuitiva. Poucos toques, menus diretos e uma curva de aprendizado mínima.
A Huawei Band 9 continua funcional, mas perde pontos em clareza. Algumas configurações estão mal posicionadas, e a organização geral do sistema parece desatualizada.
Um detalhe decisivo: a Galaxy Fit 3 não funciona com iPhones. Sim, é isso mesmo. Se você usa iOS, esquece. A Xiaomi e a Huawei seguem compatíveis com Android e iOS sem restrições.
Aplicativos no celular: porque a experiência não acaba no pulso

Muita gente nem pensa nisso na hora da compra, mas o app que acompanha a smartband muda tudo. É nele que você vê seus dados com mais clareza, ajusta preferências e acompanha a evolução.
O app da Xiaomi é o Mi Fitness. Funciona, mas ainda parece um passo atrás do antigo Mi Fit, com menos profundidade nos gráficos e análise meio genérica. A Huawei Health continua sendo o mais bonito — layout limpo, dados bem organizados e integração com Strava, o que ajuda muito se você corre ou pedala.
Agora, a surpresa boa foi a Samsung. Mesmo com dois apps separados (Galaxy Wearable e Samsung Health), a experiência é completa, rica e intuitiva. Se eles unificassem tudo num só app, seria imbatível.
Conclusão: Xiaomi Smart Band 9 é quem mudou o jogo
A gente achava que 2024 ia ser só mais um ano de repetições com nomes novos. Mas não foi isso que aconteceu. A Xiaomi Smart Band 9 deu um salto que não esperávamos, principalmente em precisão dos sensores, autonomia e opções de personalização.
O mais curioso é que ela não fez barulho. Veio discreta, mas entregando mais que as concorrentes em quase todos os aspectos. Enquanto a Galaxy Fit 3 impressiona pela fluidez do sistema e os apps impecáveis, e a Huawei Band 9 mantém pontos fortes nos sensores e no rastreamento de sono, a Xiaomi conseguiu juntar um pouco de tudo — e ainda resolver problemas antigos.
A gente até se pegou duvidando no começo. Será que dava pra confiar tanto assim nessa nova geração? Mas foi no dia a dia, nos treinos, nas noites mal dormidas e nos alertas sutis de estresse que ela provou seu valor.
Não foi só uma atualização. Foi uma virada de jogo.



