Smartwatch bom de verdade é aquele que não te deixa na mão — nem na corrida, nem no dia a dia. E quando a gente olha para dois modelos intermediários como o Xiaomi Redmi Watch 5 e o Huawei Watch Fit 3, fica claro que o segmento evoluiu. Não estamos mais falando de relógios que só contam passos e notificações: agora é AMOLED gigante, GPS, chamadas por Bluetooth e até armazenamento de música. Mas será que isso tudo funciona bem?
Apesar das semelhanças no papel, esses dois modelos têm propostas bem diferentes. Um foca em autonomia e visual imponente, o outro aposta em recursos técnicos para treinos mais exigentes. E é nessa diferença de foco que mora a decisão. Vamos colocar os dois lado a lado e mostrar onde cada um brilha — e onde decepciona.
Design e construção: tamanho é destaque, mas não resolve tudo

Não dá pra ignorar o impacto visual do Redmi Watch 5. A tela AMOLED de 2,02 polegadas é a maior que a linha já teve, e realmente impressiona logo de cara. O brilho é alto, o contraste é forte e a resposta ao toque é precisa. Mas isso tem um custo: ele é grande demais para pulsos mais finos, e pode incomodar quem busca discrição.
O Huawei Watch Fit 3 também tem tela AMOLED, com 1,82 polegadas, que ainda assim parece generosa. A vantagem é que ele entrega quase o mesmo espaço visual em um corpo mais compacto e com melhor ergonomia. A coroa giratória funcional e o segundo botão físico ajudam no uso com movimento, especialmente em treinos.
Ambos têm moldura de alumínio, mas o Redmi tem um acabamento mais chamativo, com uma coroa de aço que chama atenção. Já o Huawei adota um estilo mais contido, limpo e funcional. No pulso, ele encaixa melhor — especialmente pra quem tem o braço mais fino ou prefere um visual mais leve.
Chamadas e mídia: o Xiaomi sai na frente com música offline
Os dois relógios permitem atender e realizar chamadas via Bluetooth, e a qualidade do microfone e alto-falante é boa o suficiente para situações do dia a dia. Funciona bem tanto no Android quanto no iPhone, embora com pequenas limitações no iOS.
O grande trunfo do Redmi Watch 5 aqui é o armazenamento interno de música. Dá pra transferir arquivos diretamente do celular e ouvir com fones Bluetooth sem depender do smartphone. Ideal pra correr sem o peso do telefone no bolso. O Huawei Watch Fit 3 não tem essa função.
Nenhum dos dois tem suporte a eSIM, então chamadas e dados móveis ainda dependem do telefone por perto. Mas considerando a faixa de preço, isso não chega a ser uma falha.
Sistema e compatibilidade: bom desempenho, mas o Android é quem manda
O Redmi Watch 5 roda o HyperOS 2.0, enquanto o Fit 3 usa o sistema proprietário da Huawei. Os dois são bem fluídos, com navegação rápida e visual limpo. Nada de engasgos ou lentidão irritante.
Mas tem um detalhe importante: no iOS, os dois sofrem. Você consegue ler notificações, mas não pode responder nem usar emojis em sua totalidade. Só no Android é possível explorar o potencial completo dos dois. Aqui, o Huawei leva leve vantagem, já que permite respostas rápidas e integração com planos de treino por inteligência artificial — algo que o modelo da Xiaomi ainda não oferece.
O HyperOS se destaca pela personalização visual. Já o sistema da Huawei tem foco maior em recursos práticos voltados ao esporte. E é aí que começa a inclinação da balança.
Precisão esportiva e sensores: o Huawei começa a se destacar

Sensor de batimento, SpO2, sono, stress, VO2 Max… os dois trazem esse pacote completo, e entregam dados coerentes para quem faz treinos leves a moderados. O GPS de ambos é estável e rápido na conexão — nada de ficar esperando o sinal abrir durante o aquecimento.
Só que o Huawei Watch Fit 3 vai além. Ele permite conectar cintas torácicas e sensores via Bluetooth, algo que o modelo da Xiaomi não faz. Isso faz uma diferença real para quem treina com intensidade e precisa de dados mais precisos. Sensor no pulso demora pra reagir a variações bruscas, e é aí que o pareamento externo mostra seu valor.
O traçado do GPS no Fit 3 também é mais refinado, principalmente em áreas com prédios ou curvas fechadas. A diferença pode parecer pequena, mas em treinos de performance, cada metro conta.
Navegação e rotas: função que muda a experiência
Essa parte é decisiva pra quem faz trilhas, corre em locais desconhecidos ou simplesmente gosta de planejar rotas. O Huawei Watch Fit 3 permite importar arquivos GPX, seguir trajetos com waypoints e orientação visual. É um recurso que transforma o relógio em um verdadeiro guia de pulso.
O Redmi Watch 5, infelizmente, não tem suporte a rotas pré-carregadas. Você vê onde está, acompanha a atividade, mas não tem orientação visual nem retorno automático ao ponto de partida. É um uso mais básico, mais recreativo. Pra uso urbano, ok. Mas em treinos sérios, essa limitação pesa.
Modos de treino e interatividade: animações fazem diferença

O Huawei Watch Fit 3 resgatou as animações de treino, que já eram destaque em versões antigas. Elas ajudam a guiar exercícios de aquecimento, alongamento ou força, com ilustrações claras na tela. Funciona bem pra iniciantes ou pra quem quer algo prático, sem depender do celular.
O Redmi também tem muitos modos esportivos, com mais de 100 tipos de atividade, mas a interação é mais limitada. Não há animações nem sugestões visuais durante o treino. A análise pós-treino também é mais simples.
O Fit 3 ainda mostra carga de treino, tempo de recuperação e sugestões baseadas no seu desempenho. São funções que ajudam a treinar melhor e evitar sobrecarga.
Interface e personalização: o HyperOS é mais flexível
Aqui o jogo vira um pouco. O HyperOS oferece menus mais personalizáveis, atalhos configuráveis e uma experiência mais visual. Dá pra montar o que aparece primeiro, ajustar os widgets e ter uma sensação maior de controle.
O sistema do Huawei é mais engessado, com estrutura de menus mais fixa. Em compensação, o segundo botão físico ajuda muito no uso rápido, já que pode ser configurado como atalho direto pro que você mais usa.
Watchfaces animadas estão presentes nos dois, mas o catálogo da Xiaomi tende a ser mais variado — e algumas opções são realmente bem feitas.
Recursos que faltam: o que poderia estar presente
Se tem uma coisa que ainda incomoda é ver funções antigas desaparecendo. No Redmi Watch 5, a ausência de assistente de voz e suporte a pagamentos é sentida. Nada de Alexa, nem Xiaomi Pay, mesmo em regiões onde o NFC já está funcionando em pulseiras da marca.
No Huawei, o problema é outro: os pagamentos até existem no sistema, mas estão inativos na maioria dos países. É um recurso “meio morto” pra quem mora fora de regiões específicas como o México.
Nenhum dos dois tem suporte a apps de terceiros — o que já era esperado. Mas fica aquela sensação de que, com tão pouco a mais, eles poderiam entregar algo muito mais completo.
Autonomia: o Xiaomi dá um show

Se tem uma coisa que impressiona no Redmi Watch 5, é a autonomia. Ele chega fácil a 20 dias com uso moderado e aguenta duas semanas mesmo com tudo ativado. Isso com tela gigante e brilho alto.
O Huawei Watch Fit 3 também vai bem, com cerca de 10 a 14 dias dependendo do uso, mas não chega perto do desempenho do concorrente. Em treinos diários com GPS, o Xiaomi dura quase o dobro. E isso, pra quem não quer virar escravo do carregador, faz diferença real.
Os dois usam cabo magnético e carregam rápido. Mas se o assunto for duração, não tem discussão: o Redmi sobra.
Conclusão: o Huawei Watch Fit 3 entrega mais para quem leva o esporte a sério
Depois de tudo isso, a escolha depende do que você espera do relógio. O Redmi Watch 5 é lindo, tem tela enorme, bateria que parece infinita e até música offline. Pra uso geral, é uma escolha excelente — especialmente se você quer um smartwatch leve, funcional e com boa integração visual.
Mas o Huawei Watch Fit 3 vai além. Ele se preocupa com a parte técnica. Traz suporte a sensores, integração com rotas, planos de treino ajustáveis, animações e análises pós-atividade que ajudam de verdade a evoluir. É o tipo de relógio que entende que esporte não é só queimar calorias, mas melhorar desempenho.
Se o que você quer é um companheiro pro dia a dia, com estilo e autonomia, o Redmi Watch 5 cumpre bem o papel. Mas se a ideia é levar o treino mais a sério, ter dados confiáveis e funções que ajudam a evoluir de verdade, o Huawei Watch Fit 3 é a escolha mais completa.
E no fim das contas, isso é o que importa: ter no pulso algo que acompanha seu ritmo — e não só o registra.


