A gente pisca e a tecnologia doméstica dá mais um salto. Os robôs aspiradores, que antes mal conseguiam fugir de uma cadeira, agora lavam, mapeiam, se ajustam a carpetes e até decidem sozinhos se um cômodo precisa ser limpo de novo. E nessa nova geração que chegou em 2024, dois modelos chamaram a atenção: o Roborock Saros 10 e o Dreame X50. Ambos com estações base completas, mapeamento por LiDAR, câmeras, inteligência artificial e muita coisa que até pouco tempo parecia ficção.
Mas como sempre, o diabo mora nos detalhes. Porque apesar de compartilharem muitas funcionalidades, o comportamento, a eficiência e até o tipo de limpeza são diferentes o suficiente para influenciar sua escolha. Aqui a gente destrincha tudo — do tipo de mopa ao jeito como eles enfrentam obstáculos — pra ajudar você a entender qual deles vale mais o investimento.
Bases que fazem (quase) tudo sozinhas
Essa é a parte que mais mudou nos últimos anos. Os dois modelos contam com estações completas, com tanque de água limpa, tanque de água suja, secagem das mopas e esvaziamento automático do pó. Você quase não precisa interagir. E se a ideia é deixar a casa limpa com o mínimo de esforço, isso já muda o jogo.
Mas olha só: o Dreame X50 usa uma escova rotativa pra lavar as mopas, enquanto o Saros 10 adota vibrações sônicas com motor oscilante. Não parece grande coisa num primeiro momento, mas essa escolha interfere direto no resultado. A escova do Dreame é ótima pra sujeira superficial, já a vibração sônica do Roborock atua melhor em manchas aderentes, com uma pressão mais constante e precisa.
Além disso, ambos têm sensor de sujeira na água suja. Se o sistema percebe que a água ficou muito turva, ele pode mandar o robô refazer uma parte da limpeza. Você nem precisa pedir.
Mopas: girar ou vibrar?
O Dreame X50 aposta em duas mopas giratórias, que se elevam ao detectar carpete e podem ser deixadas na base. É um sistema eficiente e visualmente impressionante. Já o Saros 10 tem uma mopa central com vibração sônica, mais discreta, mas com uma mopa auxiliar giratória lateral que só entra em ação perto das paredes.
Essa mopa extra faz diferença nos cantos, onde normalmente os robôs deixam sujeira. A vibração, por outro lado, é mais eficaz contra sujeira grudada. E sim, ambos conseguem manter as mopas umedecidas com seus tanques internos, dosando a quantidade de água durante a limpeza.
Então: Dreame oferece cobertura visual mais ampla, mas o Saros foca na precisão. Depende do tipo de piso e da sujeira da sua casa.
Navegação e mapeamento: inteligência que pensa por você
A tecnologia de navegação dos dois é avançada, com LiDAR retrátil, câmeras e sensores de obstáculos. Mas o comportamento no mundo real não é exatamente igual.
O Saros 10 consegue baixar seu corpo até 3,14 polegadas de altura, enquanto o Dreame fica nos 3,5 polegadas. Parece pouco, mas essa diferença permite ao Saros passar por baixo de mais móveis.
Na hora de desviar de obstáculos, os dois reconhecem objetos e tiram fotos. Mas o Dreame tem braços retráteis que ajudam a superar batentes altos, enquanto o Saros usa uma suspensão que levanta o corpo inteiro. O Dreame pode passar por desníveis de até 2,36 polegadas, já o Saros cobre o básico com mais elegância.
Se sua casa tem muitos móveis baixos, o Saros se movimenta melhor. Se tem limiares altos, o Dreame se impõe.
Escovas e detritos: quem trata melhor o cabelo no chão?
Esse detalhe parece bobo, mas quem tem pet ou cabelo longo sabe: escovas entupidas são o terror da limpeza automática.
O Dreame X50 traz dois rolos principais com extremidades abertas, que facilitam a remoção de fios. É uma abordagem direta: joga tudo pro centro e suga. O Saros 10 tem uma escova central dividida, o que reduz o acúmulo de cabelo nas extremidades e facilita ainda mais a limpeza. Ele também sincroniza os movimentos da escova lateral com a mopa giratória, melhorando a eficiência nas bordas.
Ambos reconhecem tapetes e ajustam o modo: levantam a mopa, aumentam a sucção e mudam de comportamento. Só que o controle fino da escova do Saros parece mais refinado.
Controle pelo app: onde o software faz a diferença
Os dois apps são completos, com visualização 3D da casa, agendamento, zonas proibidas e controle de intensidade de água e sucção. Mas a sensação de uso muda um pouco.
O app do Saros parece mais fluido, com melhor resposta e interface mais polida. Os mapas são mais fáceis de editar, os comandos mais rápidos de aplicar. O Dreame tem um bom app, mas ainda dá umas engasgadas aqui e ali, principalmente na hora de editar mapas ou agendar tarefas muito específicas.
Ambos permitem visualizar o robô em tempo real, acessar vídeo ao vivo e controlar remotamente. Mas a experiência com o Saros é mais refinada — parece mais “pronto”.
Desníveis e obstáculos: força ou estratégia?
Aqui a gente vê duas abordagens bem diferentes. O Dreame usa braços robóticos que se estendem para ajudar o robô a subir degraus ou tapetes grossos. Funciona. É visualmente impactante. E ajuda, sim, a lidar com desníveis maiores.
O Saros não tem braços. Ele levanta o corpo e a roda dianteira. É um sistema mais discreto, mas menos agressivo. Na maioria das casas, isso é suficiente. Mas se você tem desníveis altos mesmo — mais de 2 polegadas, por exemplo — o Dreame leva uma vantagem.
Barulho e eficiência: cada som diz algo
Ambos são silenciosos para o que fazem, mas o timbre do som muda. O Dreame tem um ruído mais contínuo, principalmente durante a secagem das mopas. O Saros é mais discreto nessa etapa, com menos picos de ruído.
Na prática, o Saros se saiu melhor em sujeira difícil — respingos secos, manchas aderentes, pisos irregulares. Já o Dreame tem melhor desempenho em sujeira leve, cobrindo áreas grandes com eficiência e rapidez.
Ambos reconhecem áreas mais sujas e voltam automaticamente pra limpar de novo, se acharem que a água suja ficou com muita sujeira. Isso, aliás, impressiona bastante.
Autonomia e retorno à base: sem surpresas
A autonomia de ambos é excelente, variando conforme intensidade de uso, quantidade de água, potência de sucção e área da casa. Aspiração simples gasta bem menos que aspiração + lavagem com mopas ativas.
Se a carga acabar, eles voltam sozinhos pra base, recarregam e continuam de onde pararam. A limpeza é feita em ciclos automáticos, com lavagem das mopas e esvaziamento do compartimento de pó. Você só precisa repor a água limpa e esvaziar os tanques — e nem é com tanta frequência.
Conectividade e casa inteligente: comandos na ponta da língua
Ambos funcionam com Alexa e Google Assistant, e podem ser integrados a rotinas automatizadas. Dá pra mandar o robô limpar a sala com um comando de voz ou agendar a limpeza da cozinha sempre depois do café da manhã.
Você também recebe alertas sobre manutenção, bateria, tanques e até atualizações de firmware. É aquela tranquilidade de saber que você está no controle — mesmo sem precisar fazer quase nada.
Conclusão: o Saros 10 entrega mais, com menos esforço
Depois de destrinchar os dois lado a lado, o que fica claro é que o Roborock Saros 10 é mais refinado, mais inteligente e mais coerente com o que a gente espera de um robô de última geração.
A vibração sônica da mopa central limpa melhor sujeira difícil, a escova central dividida reduz o acúmulo de cabelo, a altura mais baixa alcança mais lugares e o software é mais estável e intuitivo. Ele é mais equilibrado em tudo. Não tem braços robóticos nem mopas duplas giratórias, mas compensa com controle, precisão e um design que parece pensar à frente.
O Dreame X50 é forte, ambicioso e impressiona nos obstáculos e na cobertura ampla. Mas tem seus momentos de hesitação. Seu app ainda precisa amadurecer, e a limpeza de bordas e sujeiras mais pesadas fica um pouco atrás.
Se você quer o máximo de desempenho, com o mínimo de esforço, o Saros 10 é o robô que parece ter entendido melhor o que significa limpar bem — e fazer isso no seu lugar.