Às vezes, tudo o que a gente quer é um bom alto-falante, sem complicações, que preencha o ambiente com um som potente e um visual que combine com qualquer canto da casa. E quando o assunto é isso, a Marshall parece ter um talento especial pra acertar o ponto. Mas aí surge a dúvida: será que o Marshall Stanmore III realmente entrega algo novo ou é só uma releitura do Stanmore II com alguns ajustes discretos?
Visualmente, são dois aparelhos que continuam fielmente alinhados ao estilo da marca — aquele charme retrô que não sai de moda e que, convenhamos, já virou meio que um objeto de decoração. Mas quando você começa a prestar atenção nos detalhes — no som, na conectividade, no uso do dia a dia — as diferenças vão se acumulando.
A pergunta que não quer calar: vale a pena trocar o Stanmore II pelo Stanmore III? Ou o modelo anterior ainda segura a bronca com dignidade? Vamos destrinchar tudo, do visual ao desempenho, passando pelas pequenas decisões de design que podem fazer mais diferença do que parece.
Mesma essência visual, mas com pitadas de modernidade
O Stanmore sempre teve aquele jeitão de amplificador de guitarra, e isso não mudou. Os dois modelos seguem com o acabamento em vinil texturizado, a clássica grade de tecido na frente com o logo dourado bem marcado, e os botões metálicos no topo que remetem aos controles analógicos da era pré-streaming.
Mas se você reparar com atenção, o Stanmore III traz uma faixa dourada inferior mais fina, quase sutil, que dá ao conjunto um visual mais limpo. É discreto, mas muda a sensação geral. Parece menos “instrumento” e mais “mobiliário sonoro”.
Outra diferença que só aparece quando você tem os dois lado a lado: o Stanmore III é um pouco menor e cerca de 400 gramas mais leve. Não é nada que transforme o aparelho em portátil, mas facilita colocar em prateleiras mais estreitas ou mudar de lugar sem tanto esforço.
E tem um botão extra no painel superior. São sete no Stanmore III contra seis no Stanmore II. Esse botão novo serve pra pular ou voltar faixas diretamente pelo aparelho — algo que faz falta quando o celular não está por perto.
Som: pequenas mudanças que mexem com a percepção
Essa parte é delicada, porque a diferença não está no volume nem na potência crua. Os dois têm o mesmo conjunto: um woofer de 50W e dois tweeters de 15W, com amplificadores dedicados. Só que o Stanmore III foi afinado de forma sutil — e acredite, isso muda as coisas.
A principal mudança é no posicionamento dos tweeters. No Stanmore III, eles foram angulados para uma dispersão mais ampla, o que faz com que o som “preencha” melhor a sala. É como se a música deixasse de vir de um ponto fixo e passasse a emanar de todo o ambiente.
Além disso, há um pequeno ajuste na resposta de frequência. O Stanmore III alcança 45 Hz nos graves, enquanto o Stanmore II começa em 50 Hz. Parece pouco, mas esse ganho nas frequências mais baixas se traduz em graves ligeiramente mais profundos — especialmente perceptíveis em músicas com muita camada ou batida marcada.
O timbre geral segue fiel à assinatura Marshall: graves densos, médios limpos e agudos vivos. Mas no modelo mais novo, tudo parece mais arejado, mais separado, com menos “embolação” quando o volume sobe.
Bluetooth mais moderno, mesmo resultado no dia a dia
Conectividade sem fio é um dos pontos que a Marshall tratou de atualizar. O Stanmore II vem com Bluetooth 5.0, enquanto o Stanmore III já embarca o Bluetooth 5.2 com suporte ao LE Audio. Isso, na teoria, significa menor consumo de energia, menor latência e compatibilidade com codecs de áudio mais avançados no futuro.
Mas, sejamos honestos: no uso cotidiano, a diferença é quase imperceptível. A estabilidade da conexão é boa nos dois, o alcance também (cerca de 10 metros), e o pareamento acontece rápido e sem dor de cabeça.
A única real vantagem do Stanmore III, nesse caso, está no longo prazo. Ele está mais preparado para as atualizações que vêm por aí, então se você costuma manter seus dispositivos por muitos anos, esse detalhe pode pesar.
Aplicativo: igualdade absoluta
Os dois modelos funcionam com o app Marshall Bluetooth — um aplicativo simples e direto, sem firulas. Nele, você pode mexer no equalizador, trocar as fontes de entrada e controlar o volume à distância.
Nenhum dos dois tem recursos extras no app, como integração com assistentes de voz ou automações mais complexas. Ou seja, nesse ponto, não há vantagem entre um e outro. É a mesma experiência, com a mesma interface.
A gente esperava que o Stanmore III tivesse alguma função exclusiva, mas a Marshall parece ter preferido manter a consistência entre gerações.
Sem microfones, sem assistentes, sem confusão
Enquanto muitos concorrentes tentam enfiar microfones, Alexa, Siri e Google Assistant em qualquer coisa com um alto-falante, a Marshall decidiu seguir na contramão. Nenhum dos dois modelos tem suporte a assistente de voz, e nem microfone embutido.
Pode parecer uma limitação, mas é proposital. A proposta aqui é entregar som, não um centro de comando doméstico. E isso agrada quem não quer se preocupar com privacidade, falhas de reconhecimento de voz ou integrações problemáticas.
Você controla tudo do jeito antigo: botões físicos e Bluetooth. E pra quem só quer ouvir música, isso é até libertador.
Entradas físicas: aquela versatilidade que nunca sai de moda
Apesar do apelo Bluetooth, os dois modelos mantêm conexões físicas que fazem diferença. Ambos contam com entrada P2 (3,5 mm) e RCA, o que permite ligar toca-discos, TVs, ou até mesmo um baixo ou guitarra (em casos específicos).
Essa flexibilidade faz com que o Stanmore continue sendo mais do que um simples “speaker” Bluetooth. Ele vira parte do sistema de som da casa, com conexão direta a qualquer fonte.
Nada mudou nesse aspecto entre os dois modelos. As portas estão nos mesmos lugares, com o mesmo funcionamento. E ainda bem.
Controles físicos: a experiência tátil continua firme
Se tem uma coisa que a Marshall entende, é que botão físico não sai de moda. Os dois modelos têm aqueles controles giratórios deliciosos de mexer para volume, graves e agudos, além de botões para ligar, trocar a fonte e controlar a reprodução.
Mas aqui entra um detalhe interessante: o Stanmore III adiciona um botão específico para avançar e retroceder faixas, o que deixa o controle mais completo sem precisar encostar no celular.
Pra quem gosta de operar tudo direto no aparelho (como a gente), essa adição faz diferença sim — especialmente quando o alto-falante tá na cozinha, no estúdio ou no canto da sala, e você não quer caçar o celular pra trocar de música.
Potência: números diferentes, mesma sensação
Tecnicamente, o Stanmore II é anunciado com uma pressão sonora de até 101 dB, enquanto o Stanmore III declara 97 dB. Mas, olha… a sensação que tivemos é que essa diferença não se traduz em mais volume real no uso.
A potência é praticamente a mesma. Ambos são altifalantes que preenchem um cômodo inteiro sem esforço, e que aguentam volumes altos sem distorcer — o que nem sempre é comum em modelos dessa faixa.
A diferença nos dB pode ser só uma questão de medição, limitação de picos, ou até mudança no tipo de caixa acústica. Mas, no ouvido, os dois soam igualmente fortes.
Um pouco mais leve, um pouco mais fácil de encaixar
Aqui entra um bônus do modelo novo. O Stanmore III perdeu algumas gramas (quase meio quilo, na real) e encolheu ligeiramente em altura e profundidade. Isso o torna mais discreto e mais fácil de posicionar em estantes ou nichos.
O acabamento segue igual: vinil texturizado, botões metálicos, base firme e aquela pegada de amplificador que dá gosto de exibir. A construção dos dois é sólida, mas o novo tem uma leve vantagem em termos de praticidade.
Nada que mude radicalmente a experiência, mas pode influenciar quem tem espaço limitado ou gosta de reorganizar o ambiente com frequência.
E afinal… o novo Stanmore III vale a troca?
Depois de colocar os dois frente a frente por horas — ouvindo de tudo, de jazz a música eletrônica — dá pra dizer sem rodeios: o Marshall Stanmore III é sim um passo adiante.
Não estamos falando de uma revolução. Não tem assistente de voz, não tem Wi-Fi, nem suporte a multiambientes. Mas o que ele faz, faz melhor. O som é mais aberto, mais equilibrado, e o controle direto mais prático. O visual está mais limpo, a conectividade mais moderna, e o tamanho mais amigável.
Agora… se você já tem um Stanmore II e está satisfeito com o som, talvez não sinta urgência pra trocar. As melhorias são incrementais, não transformadoras. Mas se está pensando em comprar seu primeiro, ou se preza pelos pequenos refinamentos, o modelo mais novo entrega uma experiência mais polida.
É aquela evolução comedida, mas inteligente. Nada de firulas ou exageros — só boas decisões. E isso, no fim, pode ser tudo o que a gente quer de um alto-falante Bluetooth.