Nem sempre a gente precisa da máquina mais poderosa do mundo. Às vezes, tudo o que queremos é um notebook confiável, leve e que dê conta das tarefas do dia a dia sem reclamar. Mas aí aparece o dilema: será que o MacBook Air M2, com esse visual quase etéreo e desempenho mais contido, ainda é uma escolha esperta? Ou o MacBook Pro M3 — mais parrudo, mais recente, mais caro — já é a melhor porta de entrada para o futuro do macOS?
A questão aqui não é só velocidade. Tela, som, bateria, portas e até o design pesam nessa balança. E não dá pra ignorar que, embora sejam da mesma família, esses dois MacBooks têm comportamentos bem diferentes quando saem da vitrine e vão pra sua mesa.
Vamos explorar tudo o que esses dois modelos têm (e não têm) pra oferecer. Talvez você se surpreenda com o que realmente faz diferença no uso diário.
Telas que contam histórias diferentes

Você só percebe o quanto uma tela importa quando volta pra uma pior. É impressionante. E nesse quesito, sim, o MacBook Pro M3 avança com um brilho quase insultante para o Air M2. Literalmente: o painel XDR do Pro M3 alcança até 1.000 nits de brilho, contra os 500 nits da tela do Air M2. Em ambientes claros ou abertos, essa diferença é visível como o dia.
Além disso, tem o detalhe da resolução. O Air M2 entrega 2560 x 1664 pixels, enquanto o Pro M3 sobe a régua para 3024 x 1964. Não é só um número — significa mais nitidez e mais espaço útil para abrir janelas lado a lado, editar imagens ou até assistir séries com aquele detalhe que você não percebeu antes.
Tamanhos? O Air pode ser de 13 ou 15 polegadas, uma vantagem pra quem busca mais portabilidade sem sacrificar tanto a tela. Mas o Pro começa com 14 polegadas e vai até 16, o que muda o jogo pra quem valoriza uma área de visualização ampla.
Se o seu trabalho gira em torno de imagem, vídeo ou design, essa diferença na tela não é só técnica: é essencial.
Desempenho: entre o que já funciona e o que sobra
Não tem como negar: o M2 ainda é um chip muito bom. Ele roda o macOS com suavidade, abre apps rapidamente e dá conta da vida multitarefa comum. Mas quando o bicho pega — edição de vídeo, modelagem 3D, uso de máquina virtual — o M3 mostra serviço com mais folga.
A diferença de desempenho chega a cerca de 10% entre os dois chips, o que não parece enorme, mas é o tipo de coisa que se acumula ao longo do dia. E tem mais: o MacBook Pro M3 pode ter até 16 GB de RAM, enquanto o Air M2 começa com 8 GB. Essa diferença pesa quando se tem várias abas abertas, apps pesados em segundo plano ou processos longos rodando.
E tem um ponto que poucos notam, mas quem já sofreu entende: o sistema de ventilação do Pro é ativo, com ventoinha. O Air é passivo, sem ventilação. Isso significa que o Air esquenta mais rápido em tarefas pesadas, e aí o chip reduz sua performance pra evitar superaquecimento.
Então sim, o Pro aguenta mais tranco e aguenta por mais tempo.
Armazenamento: quando 256 GB é uma armadilha
Vamos ser sinceros: 256 GB em 2025 é pedir pra passar sufoco. Instala um pacote Adobe aqui, baixa uns arquivos de vídeo ali, sincroniza fotos do iPhone… e pronto, metade do espaço foi embora. O Air M2 oferece essa configuração básica, e apesar de funcionar no começo, limpa de cache e “otimização do sistema” viram rotina cedo demais.
Já o MacBook Pro M3 começa com 512 GB e chega a 1 TB, o que dá um respiro real. Se você trabalha com arquivos grandes, projetos de vídeo, bibliotecas de imagens ou precisa de muito app instalado, esse espaço extra muda completamente o fluxo de trabalho.
Não é só conforto — é produtividade que não precisa ficar pensando em pendrive, SSD externo ou planos de nuvem pagos.
Bateria: parece igual, mas é diferente

Surpreendentemente, o Air M2 não faz feio na autonomia. Aliás, ambos entregam cerca de 15 horas de navegação e mais de 18 horas de reprodução de vídeo — o que já é excelente pra qualquer notebook.
No entanto, em condições específicas, a bateria maior do Pro M3 (70 Wh contra 52,6 Wh no Air) garante até 22 horas de vídeo, segundo a Apple. Isso pode fazer diferença em viagens longas, eventos ou dias longe da tomada. Mas na prática, essa diferença nem sempre se traduz em horas extras — o Pro consome mais também.
Ambos têm carregamento rápido, MagSafe e uso prático no dia a dia. Então a escolha aqui não vai pender muito pra um lado, a não ser que seu uso seja realmente extremo.
Conectividade: HDMI nativo é ouro pra quem trabalha com tela externa
É aqui que o Air começa a parecer limitado. Duas portas Thunderbolt/USB 4 e uma entrada P2. Fim. Isso significa que, pra conectar monitor, cartão de memória, cabo de rede ou projetor, você vai precisar de adaptadores.
O Pro M3? A história muda: ele tem HDMI nativo, entrada para cartão SDXC e as mesmas Thunderbolt/USB 4. Só isso já muda o ritual de trabalho — principalmente pra quem edita vídeo ou vive conectando e desconectando telas.
E tem o detalhe da rede: o Pro já vem com WiFi 6E, mais rápido e estável em roteadores modernos. O Air fica no WiFi 6 comum. Pequena diferença? Sim. Mas se a sua internet já é caprichada, você vai notar a vantagem.
Áudio: escuta isso com atenção
Se você já assistiu a um filme no MacBook Pro M3, sabe. O som dele é mais encorpado, limpo e potente. São 6 alto-falantes com cancelamento de força, que reduzem vibrações e melhoram os graves. O Air M2 fica com 4 alto-falantes, e mesmo entregando um som decente, não impressiona.
Ambos contam com Dolby Atmos, três microfones com beamforming e áudio espacial, o que é ótimo para chamadas e vídeos. Mas na hora do show — seja filme, música ou edição de áudio — o Pro entrega mais.
E se você trabalha com som, gravação ou streaming, essa diferença deixa de ser luxo e vira necessidade.
Design: entre a leveza e o peso da performance

De longe, os dois parecem irmãos gêmeos. Alumínio, bordas suaves, teclado retroiluminado, Touch ID, trackpad generoso. Mas pega um e depois o outro: o Air M2 é mais leve, com 1,24 kg contra os 1,55 kg do Pro. E a espessura também muda: 1,13 cm contra 1,55 cm.
Esses números parecem pequenos? Talvez. Mas carrega um na mochila por uma semana e depois troca. A leveza do Air M2 é viciante. Dá vontade de levar pra todo lado.
E tem o charme: o Air M2 tem mais opções de cores, incluindo o “meia-noite”, que tem aquele ar misterioso que todo mundo repara. O Pro M3 segue no clássico prata ou cinza espacial. Sóbrio, sim. Mas menos divertido.
Então, se portabilidade e estilo estão entre suas prioridades, o Air ainda brilha com mais leveza — literal e figurativamente.
Conclusão: escolher não é simples, mas ignorar as diferenças é pior
A gente esperava uma disputa mais equilibrada. Mas conforme fomos abrindo as camadas, ficou difícil negar que o MacBook Pro M3 entrega uma experiência mais completa e preparada pra uso intenso. Não é só o chip. A tela mais brilhante, os alto-falantes melhores, as portas extras, o armazenamento inicial maior… tudo soma.
O problema? Isso vem com custo — financeiro e de portabilidade. É mais pesado, mais caro e, pra quem só quer estudar, navegar e escrever, pode ser mais do que o necessário.
Já o MacBook Air M2 continua sendo um notebook muito competente, bonito, leve e bom de usar. Só que, se você já sente os limites dele ou sabe que seu uso vai exigir mais, talvez economizar agora saia caro depois.
O que nos pegou mesmo foi a diferença no som e nas portas. Sério, trabalhar com HDMI nativo e áudio encorpado muda o dia a dia de um jeito que a ficha só cai quando a gente perde isso.
O MacBook Air M2 ainda é desejável. Mas o Pro M3, quando a gente pensa friamente, é aquele modelo que resolve tudo de uma vez só — e ainda sobra espaço pra evoluir.


