A JBL não mexe em time que está ganhando. E a linha Charge é prova disso. A marca tem um padrão: a cada geração, dá uma leve afinada aqui, um ajuste ali, mas mantém o que já funciona. É o caso do JBL Charge 5 em relação ao JBL Charge 4. Se você esperava uma revolução de uma geração pra outra, pode tirar o pé do acelerador.
Na prática, o que temos é uma atualização cuidadosa. Nada foi reinventado. O Charge 5 refina, corrige e moderniza aspectos pontuais, mas em essência, ele continua sendo o mesmo conceito de altifalante portátil parrudo, potente e com bateria generosa.
Olhamos tudo: som, bateria, resistência, conectividade, design e as pequenas funcionalidades que podem mudar a experiência. A comparação entre os dois modelos é mais equilibrada do que parece — e talvez isso torne a escolha ainda mais complicada.
Design: o mesmo corpo com um novo rosto

Se você colocar os dois lado a lado, talvez nem perceba diferença à primeira vista. O tamanho é praticamente idêntico: 22 cm de largura e cerca de 9,5 cm de altura. O peso? Uma diferença de menos de 5 gramas. Isso é nada. Ou seja, o formato continua robusto, cilíndrico e com aquela pegada segura que a JBL já domina.
Mas há mudanças de estilo. O logo da JBL agora aparece maior e monocromático no Charge 5, acompanhando a cor do corpo. Já o Charge 4 mantinha o visual com o logo menor e o contraste em vermelho. Pequena mudança estética, mas que dá um ar mais moderno ao novo modelo.
Outra diferença está no indicador de bateria. Sai o conjunto de cinco luzes pontuais e entra uma barra horizontal única, mais limpa e discreta. A função é a mesma, mas o visual evoluiu.
Na parte de trás, o Charge 5 simplifica. Ele abandona a entrada auxiliar P2, o que pode ser ruim pra quem ainda gosta de conectar dispositivos por cabo. Em compensação, mantém a entrada USB-C para recarga e a USB-A para função PowerBank. No Charge 4, você tinha as três.
Qualidade de som: pequenas melhorias, mesma vibe
Se a ideia era esperar um salto sonoro, já avisamos: o Charge 5 soa melhor, mas não é um mundo de diferença. Ele traz um tweeter separado de 10W, que melhora a definição nas faixas mais agudas. A soma agora chega a 40W — 30W no woofer e 10W no tweeter. O Charge 4, com um único transdutor de 30W, acaba ficando um pouco atrás em nitidez.
Mas a assinatura sonora segue a mesma. Graves fortes, médios encorpados e agudos equilibrados. A diferença aparece mais nos detalhes — aquele brilho extra na voz, o instrumento que se destaca no fundo. No dia a dia, o Charge 5 entrega um som um pouco mais limpo e espaçoso.
Agora, é bom saber: em volumes muito altos, os dois distorcem levemente acima dos 85% de potência. Isso limita um pouco o ganho prático do modelo mais recente. Ou seja, ele toca mais alto, sim — mas não com tanta folga quanto parece.
Ambos têm radiadores passivos nas laterais, que dão aquele impacto nos graves. E a resposta de frequência continua igual: de 60 Hz a 20 kHz.
Autonomia: nada mudou

Surpreendente — ou frustrante — é que a duração da bateria continua exatamente a mesma. Até 20 horas, segundo a JBL. Mas no uso real, esse número cai pra algo entre 11 e 13 horas, dependendo do volume e de como você usa a função PowerBank.
O tempo de recarga segue igual: cerca de 4 horas pra uma carga completa. Ou seja, nesse aspecto, não houve ganho algum entre as gerações.
Ambos também funcionam como carregadores portáteis. A porta USB de saída permite carregar seu celular direto pela caixa. É útil? Demais. Principalmente na praia, trilha ou naqueles acampamentos sem tomada por perto.
Resistência: agora sim, proteção de verdade
Aqui o Charge 5 marca ponto. E um ponto importante. O modelo anterior tem certificação IPX7 — proteção contra água, mas nada contra poeira. Já o Charge 5 chega com IP67: à prova d’água e à prova de pó.
Isso significa que, além de mergulhar por 30 minutos a até 1 metro, ele aguenta areia, sujeira, terra e ambientes mais extremos sem problema. Pra quem costuma levar o som pra praia, trilha ou construção, isso importa.
É uma evolução clara. E talvez uma das únicas que realmente justifique a mudança de geração em termos práticos.
Conectividade: o calcanhar de Aquiles da transição
Aqui temos um impasse que pode incomodar. O Charge 4 usa o sistema JBL Connect+, enquanto o Charge 5 migra para o novo PartyBoost. Resultado? Eles não são compatíveis entre si. Ou seja, você não pode parear um Charge 4 com um Charge 5 pra tocar música em conjunto.
É uma limitação real. Se você já tem um Charge 4 e pensava em comprar o 5 pra ampliar o som, pode esquecer. Eles não conversam.
Além disso, o Charge 5 traz Bluetooth 5.1, mais estável, com alcance maior e menos consumo de energia. O Charge 4 segue com Bluetooth 4.2, que ainda funciona bem, mas está tecnicamente defasado.
Ambos funcionam com o app JBL Portable, que permite atualizar firmware, configurar emparelhamento e ajustar alguns parâmetros sonoros. Mas não espere equalizador completo — é básico.
E nenhum dos dois tem microfone ou função viva-voz. Nada de chamadas, nada de assistente de voz. A JBL deixa isso pra outras linhas.
Funcionalidades extras: foco total no som

Não tem Alexa. Não tem Google. Não tem Wi-Fi. Não tem app de streaming nativo.
Tanto o Charge 4 quanto o Charge 5 são caixas “raiz”. O foco é som. Só som. Eles fazem isso bem — mas é só isso.
Se você procura algo com funções inteligentes, precisa olhar pra outras linhas da JBL ou de marcas concorrentes. Aqui, a proposta é clara: música, bateria longa, resistência e pronto.
Conclusão: o Charge 5 melhora o essencial — mas não muda o jogo
A pergunta que fica no ar: vale a troca?
O Charge 5 é melhor. Sim. Mas com cautela. Ele tem som um pouco mais refinado, conexão mais moderna, mais proteção contra ambientes difíceis e um visual mais limpo. Mas a essência é a mesma. Mesmo peso, mesmo volume, mesma bateria, mesma proposta.
A perda da entrada auxiliar pode incomodar, principalmente pra quem usa o som com computador, projetor, ou equipamentos mais antigos. E a falta de compatibilidade com o Connect+ atrapalha quem já tem outros modelos pareáveis com o Charge 4.
No fim, a escolha depende do seu cenário. Se você está comprando do zero e quer mais futuro, o Charge 5 é a melhor opção. Mas se você já tem um Charge 4 funcionando bem, talvez não valha o salto.
Não é uma revolução. É um refinamento. E às vezes, é isso que a gente precisa. Só não espere se surpreender.


