Quando a gente procura uma smartband, o que está em jogo não é só o visual ou o aplicativo bonitinho. A gente quer precisão, autonomia que não nos deixe na mão, leitura confiável dos dados e, se possível, aquela integração prática com o que já usamos no celular. É por isso que comparar Fitbit Charge 6 e Fitbit Charge 5 não é só olhar se a tela mudou. É entender se, no uso real, a experiência evoluiu ou ficou parada no tempo.
Ambas têm cara de minimalista, são retangulares, combinam com camiseta, camisa e até com o look de treino. Mas no dia a dia, nos treinos, na hora de dormir ou sair pra correr, a Charge 6 começa a mostrar que vai além das promessas da geração anterior. Ela corrige o que antes irritava, adiciona funções que fazem diferença e se aproxima cada vez mais de um smartwatch — mas sem perder o jeitão leve de pulseira.
Vamos mergulhar nas diferenças que importam e nas semelhanças que ainda valem a pena.
Design que continua discreto, mas agora com um “peso emocional”

Não dá pra negar: a Charge 6 tem o mesmo corpo, o mesmo formato, a mesma carinha da Charge 5. Retângulo com tela AMOLED, moldura de alumínio, fundo com sensores. Discreta, elegante, neutra. Pode parecer repetição — e é — mas não exatamente um problema. Muita gente curte a ideia de continuidade, de já saber como usar e como encaixar no pulso.
Mas aí vem o detalhe que ninguém espera até colocar no braço: a Charge 6 pesa quase 38 gramas, enquanto a Charge 5 fica nos 28 gramas. Isso representa um ganho de cerca de 34% — e, acredite, dá pra sentir. Durante o sono, por exemplo, ou em treinos mais longos, esse peso extra pode incomodar.
Claro, esse aumento tem motivo: há mais tecnologia por dentro, mais sensores se comunicando, mais funcionalidades embarcadas. Mas é bom saber que essa diferença existe, especialmente se você é do tipo que se irrita com qualquer sensação estranha no pulso.
A autonomia no papel continua igual, mas na prática ela cumpre melhor
Sete dias. Essa é a promessa das duas: até uma semana longe do carregador, o que já é mais do que muita smartband por aí. Só que a gente sabe como é: começa a usar GPS, ativa notificações, mede sono, estresse, respiração… e lá se vão os 7 dias em 3.
Na Charge 5, era comum ver essa autonomia despencar, principalmente com uso intenso. A gestão de energia deixava a desejar — e isso gerava frustração.
Na Charge 6, por outro lado, a coisa parece mais coerente. Mesmo com os mesmos 7 dias prometidos, ela aguenta mais consistentemente com os sensores ativados, e você sente menos quedas abruptas. A sensação é de um consumo mais equilibrado e previsível, sem sustos no fim do dia.
Os sensores são os mesmos, mas agora funcionam como deveriam
Aqui entra talvez o ponto mais importante da evolução. A Charge 6 não trouxe novos sensores. É exatamente o mesmo conjunto da Charge 5: monitoramento de SpO2, ECG, sensor EDA, detecção de fibrilação atrial, frequência cardíaca, GPS com GLONASS… tudo igual no papel.
Mas a diferença está na leitura dos dados. A Charge 5 era famosa por oscilações esquisitas durante exercícios intensos — picos de batimento que não faziam sentido, quedas abruptas mesmo com esforço contínuo. Já vimos leituras que mais pareciam um eletrocardiograma de montanha-russa.
Com a Charge 6, isso muda. O algoritmo foi refeito, e os mesmos sensores passaram a ser usados de forma muito mais eficiente. Agora, os dados fazem mais sentido, são mais estáveis e transmitem confiança. Se você treina com frequência e depende de métricas reais pra ajustar ritmo ou intensidade, essa melhoria muda tudo.
Mais que o dobro de modos de treino — e isso não é exagero

Se na Charge 5 a gente tinha cerca de 20 opções de atividade física, a Charge 6 chega com mais de 40 modos esportivos. Pode parecer só um número maior na tela, mas não é só isso.
Cada modo novo tem métricas próprias, algoritmos calibrados pra aquele tipo específico de esforço, seja ele HIIT, CrossFit, remo, esqui ou surf. Você sente que o acompanhamento é mais personalizado, mais ajustado ao que está fazendo, e não só uma leitura genérica disfarçada de especialização.
Essa variedade não é só pra quem treina pesado. Até quem faz caminhadas ou yoga vai perceber que, agora, dá pra monitorar com mais precisão o que está acontecendo. E pra quem varia muito o tipo de treino ao longo da semana, essa diversidade vale ouro.
Google no pulso: a integração que faltava
Aqui sim temos um divisor de águas. A Charge 6 é a primeira da linha a abraçar totalmente o ecossistema Google, e isso transforma o uso. Se antes a Charge 5 se limitava ao Fitbit Pay, notificações básicas e sincronia via app, agora temos um pacote mais completo.
Você pode controlar músicas direto do YouTube Music, usar o Google Maps pro trajeto e pagar com o Google Wallet — tudo direto na pulseira. Não precisa nem pegar o celular do bolso. É simples assim.
Claro, isso faz mais sentido pra quem usa Android, especialmente com serviços Google. Mas mesmo pra quem usa iOS, a ideia de ter mais ferramentas disponíveis no pulso, sem esforço, dá uma sensação de liberdade que a Charge 5 não oferecia.
Recursos inteligentes continuam parecidos, com uma cereja extra
Ambas têm resistência à água de até 5 ATM, compatibilidade com Android e iOS, Bluetooth 5.0 e notificações no pulso — embora limitadas à leitura. Nada de responder WhatsApp pela tela minúscula, ainda.
Mas aí entra uma função nova que faz diferença pra quem treina em academia: a Charge 6 pode transmitir sua frequência cardíaca diretamente para equipamentos compatíveis. Isso significa que ela atua como um sensor ativo durante o treino, mandando os batimentos em tempo real pra esteiras, bicicletas e afins.
É um recurso que expande o uso da smartband pro ambiente indoor, sem complicar o setup. Pra quem leva a sério os treinos, essa função é um upgrade importante.
Usabilidade mais suave, menos engasgos e sistema mais esperto

No dia a dia, a diferença entre uma pulseira frustrante e uma que você esquece que está usando está nos pequenos detalhes. A Charge 5 tinha seus momentos de lentidão, atrasos na resposta ao toque, travadinhas irritantes ao tentar alternar telas ou abrir um gráfico de histórico.
A Charge 6 vem mais redonda. As transições são mais suaves, os comandos são mais precisos e os dados aparecem com mais rapidez. Parece coisa boba, mas muda a experiência. Especialmente quando você está no meio do treino e quer ver o tempo ou a frequência cardíaca — e a pulseira responde sem hesitar.
A sincronização com o app também melhorou. Antes, era comum a Charge 5 demorar a mandar os dados pro celular. Agora, isso acontece com mais frequência e menos falhas. É o tipo de detalhe que só quem usa todo dia percebe — e agradece.
E no fim das contas… faz sentido trocar?
A Fitbit Charge 6 não reinventa a linha, mas enfim entrega o que a Charge 5 prometia lá atrás. O visual é o mesmo, sim. Mas é por dentro que a mágica acontece. A precisão dos sensores foi corrigida, os modos esportivos dobraram, o sistema responde melhor e a integração com o Google abriu uma nova porta de possibilidades.
Isso faz dela uma smartband muito mais confiável, completa e adaptada à rotina moderna. Seja pra quem quer controle de saúde, desempenho em treinos ou só uma pulseira inteligente que funcione bem, a Charge 6 preenche melhor esse espaço do que sua antecessora conseguiu.
Tem um ponto que ainda incomoda: o peso maior, que pode atrapalhar usuários mais sensíveis ou que usam a pulseira pra dormir. Isso é algo que não dá pra ignorar — é real, e vai depender do seu nível de tolerância.
Mas tirando isso, a Charge 6 acerta em praticamente tudo o que a Charge 5 errava ou entregava pela metade. Se você tem a 5 e está feliz, pode até segurar mais um tempo. Mas se estava se frustrando com bugs, leituras imprecisas ou falta de integração, a 6 vai te livrar disso.
E se você está começando do zero? A escolha é óbvia. A Charge 6 é a que faz mais, com menos falhas. É como se ela finalmente entregasse a smartband que a gente queria ter comprado dois anos atrás.


