Tem gente que só quer registrar o treino e pronto. Mas a verdade é que, pra muitos de nós, o relógio no pulso virou parte do ritual, quase um parceiro de corrida. E quando dois modelos da mesma marca se enfrentam — como o Coros Pace Pro e o Coros Pace 3 — a escolha deixa de ser só técnica. Ela vira quase uma questão de identidade.
O Pace 3 é enxuto, leve e direto ao ponto. Já o Pace Pro chega com um brilho a mais, literalmente, por causa da tela AMOLED, mas também por entregar mapas offline, mais armazenamento e uma experiência visual bem mais rica. O que nos deixou em dúvida foi justamente isso: será que esses extras justificam a diferença de preço? Ou o Pace 3 ainda é o que entrega mais pelo que custa?
Fomos fundo na comparação, lado a lado, e aqui está o que descobrimos.
Conforto no braço e na rotina

O primeiro ponto que chama atenção nos dois modelos é como eles são leves. O Pace 3 pesa só 30g com pulseira de nylon, enquanto o Pace Pro sobe um pouco e chega a 37g. A diferença existe, mas honestamente? No dia a dia, quase não se nota. Os dois são confortáveis o suficiente pra dormir com eles, treinar, viver.
O que muda um pouco mais é o tamanho. O Pace Pro tem 46mm de diâmetro e 14,15mm de espessura, ou seja, ele ocupa mais espaço no pulso e pode incomodar quem tem braço mais fino. Já o Pace 3 é menor (41,9mm) e mais discreto, com espessura de apenas 11,7mm.
Outro detalhe: o Pace Pro tem uma coroa digital de aço e um botão lateral maior — mais fácil de usar com luvas ou dedos suados. E não é só estética: essa construção permite fazer medições de ECG, um recurso ausente no Pace 3.
A diferença que você enxerga
A tela é onde o Pace Pro brilha — literalmente. Ele vem com um painel AMOLED de 1,3 polegada, enquanto o Pace 3 usa uma tela MIP de 1,2 polegada. E olha, a diferença de qualidade é bem perceptível. No Pace Pro, tudo parece mais nítido, mais colorido, mais vivo.
Mesmo sob sol forte ou durante a noite, a visibilidade da tela AMOLED impressiona. Já o MIP do Pace 3 é mais apagado, especialmente em ambientes internos. Só que ele tem um trunfo: consome bem menos energia. Então se o seu foco é bateria, pode valer a pena considerar esse ponto.
Ainda assim, é difícil voltar pra MIP depois de usar uma tela AMOLED. A experiência muda, inclusive fora dos treinos — ver notificações, configurar alarmes, checar o clima… tudo parece mais agradável.
GPS e batimentos: mais parecidos do que você imagina

Ambos os relógios contam com GPS multibanda. E não é só marketing: a precisão é excelente nos dois. A conexão com satélites é rápida e estável, mesmo em meio a prédios altos ou em trilhas com vegetação densa.
O Pace Pro tem uma leve vantagem técnica, com um sistema de satélites mais refinado, mas na prática? Os traçados de rota são quase idênticos.
O mesmo vale para o monitoramento de batimentos. Os sensores ópticos dos dois funcionam bem em treinos normais, mas podem falhar em dias frios ou com movimentos bruscos. A recomendação aqui continua a mesma: pra quem exige máxima precisão, vale usar uma faixa peitoral.
Mais espaço, mais possibilidades
Aqui não tem nem como fingir que é parecido. O Pace Pro oferece 32GB de armazenamento interno, contra apenas 4GB do Pace 3. Isso permite não só armazenar bem mais músicas, mas também baixar mapas detalhados diretamente no relógio.
Nenhum dos dois tem integração direta com streaming, então você precisa transferir os arquivos manualmente. Mas pelo menos com o Pace Pro, dá pra montar uma playlist inteira pro longão sem depender do celular.
Essa diferença de espaço também deixa o Pace Pro mais preparado pra atualizações futuras. É aquele tipo de detalhe que você não sente no primeiro mês, mas que faz diferença no longo prazo.
Mapas: o que muda de verdade

Se você só corre no parque ou na rua de casa, talvez isso não pese tanto. Mas se gosta de variar o percurso, viajar ou fazer trilhas, o Pace Pro entrega uma vantagem real: ele tem suporte a mapas offline completos, coloridos e com navegação visual.
Já o Pace 3 se limita a uma trilha simples com setas — o famoso “breadcrumb”. Funciona, mas não dá contexto nenhum do terreno, de bifurcações ou do relevo.
A navegação do Pace Pro lembra muito a de um GPS de verdade. Dá pra seguir rotas com mais segurança, saber onde você está, planejar desvios. É um recurso que muda completamente a relação com o relógio em aventuras fora do óbvio.
Velocidade de resposta: diferença sentida
Outro ponto onde o Pace Pro se destaca é na fluidez. O processador é mais potente, e isso aparece quando você navega pelos menus, acessa configurações ou muda de tela durante o treino.
O Pace 3 não é lento, longe disso. Mas depois de usar o Pro, fica difícil ignorar a diferença de resposta. As animações são mais suaves, os dados carregam mais rápido, tudo parece mais polido.
Essa diferença se torna mais evidente quando você ativa os mapas ou alterna entre aplicativos durante um treino longo.
Bateria: surpresas boas nos dois lados
Mesmo com tela AMOLED, o Pace Pro surpreende na autonomia. São até 20 dias no modo smartwatch e 6 dias com tela sempre ativa. No GPS de alta precisão, ele aguenta 31 horas — o dobro do Pace 3.
O Pace 3, por sua vez, chega a 15 dias no uso normal e 15 horas de GPS contínuo. Nada mal pra um modelo tão leve.
A autonomia dos dois é mais do que suficiente pra maratonas, semanas de treinos ou viagens. Mas quem corre ultras ou faz longas travessias vai se beneficiar da vantagem do Pro.
Recursos avançados: ECG, visual mais rico e mais

Ambos têm oxímetro, altímetro, giroscópio, bússola, acelerômetro e o sistema EvoLab, que entrega previsões de corrida, métricas de recuperação e insights de treino. Em termos de análise esportiva, estão no mesmo patamar.
A diferença está no refinamento da experiência. O Pace Pro traz medições de ECG (ainda em estágio inicial, mas promissoras), visual mais detalhado e menus que fazem mais sentido.
É como se o Pace 3 entregasse o necessário, e o Pace Pro, o necessário com elegância.
Conclusão: o Pace 3 tenta, mas não acompanha
Entre o Coros Pace Pro e o Pace 3, a escolha parece óbvia quando colocamos lado a lado. O Pace Pro entrega mais em praticamente tudo — tela, navegação, armazenamento, fluidez, bateria, construção.
O que mais nos impressionou foi perceber que ele não é só mais bonito ou mais completo. Ele é mais prático. As funções extras não estão ali só pra encher ficha técnica — elas mudam a experiência real, do treino à navegação.
O Pace 3 continua sendo um ótimo relógio, principalmente se você busca algo leve, funcional e com bom custo-benefício. Mas ele fica claramente limitado perto do irmão maior. Falta tela, falta espaço, falta aquele algo a mais.
Se você corre mais por hábito, o Pace 3 já resolve. Mas se o relógio virou seu parceiro de treino e você quer mais do que o básico, o Pace Pro é o que entrega.
Pode parecer exagero, mas depois de uma semana com o Pace Pro no pulso, é difícil olhar pro Pace 3 sem sentir que falta alguma coisa.


