Tem hora que a gente olha pro pulso e não quer só ver as horas — quer informação, saúde, praticidade, estilo. E aí vem a pergunta inevitável: qual smartwatch realmente vale a pena? Quando colocamos frente a frente o Apple Watch Series 10 e o Samsung Galaxy Watch 7, a disputa ganha ares de briga de titãs. Dois relógios que não estão ali só pra ser bonitos: eles querem ser parte do seu corpo, do seu jeito de viver.
De um lado, a Apple aposta no refinamento e na integração total com o iPhone. Do outro, a Samsung aposta em dados avançados de saúde e um visual clássico, com a promessa de funcionar em qualquer Android. Só que… não é tão simples assim.
Eles são parecidos na proposta, mas completamente diferentes na execução. E como sempre, o diabo mora nos detalhes. Bora entender onde cada um acerta — e onde cada um escorrega.
Compatibilidade: liberdade (limitada) pra quem?
A primeira barreira que você vai encontrar é o ecossistema. O Apple Watch Series 10 simplesmente se recusa a funcionar com qualquer coisa que não seja iPhone. E nem todo iPhone, viu? Tem que ser a partir do iPhone XS ou SE 2ª geração com iOS 18 instalado. Se você usa Android… pode parar por aqui.
O Galaxy Watch 7 parece mais democrático. Funciona com qualquer Android 11 ou superior — então, teoricamente, é mais acessível. Mas calma: tem um truque. Alguns dos recursos mais avançados — como os insights com IA, a detecção de ronco e até os gestos — só rodam se o relógio estiver emparelhado com um celular da linha Galaxy. Isso mesmo: ele funciona com outros Androids, mas não entrega tudo.
No fim das contas, o Apple Watch, mesmo sendo fechado, entrega 100% da experiência pra todo mundo que está dentro da bolha da Apple. Já o Galaxy Watch 7 parece mais aberto, mas só mostra tudo o que tem se você estiver com o “par ideal”.
Design: quadrado ou redondo? Não é só estética
Aqui a escolha é mais emocional. O Apple Watch Series 10 manteve o visual quadrado com cantos arredondados, mas agora está mais fino e elegante. Disponível em tamanhos de 42mm e 46mm, com alumínio ou titânio, ele é discreto, mas claramente tecnológico.
O Galaxy Watch 7, por outro lado, é arredondado, com tamanhos de 40mm e 44mm, e também com 9,7mm de espessura. Ele se parece mais com um relógio de verdade, daqueles clássicos, discretos. Se você gosta de um visual mais tradicional, pode se sentir mais confortável com ele.
O peso e o tamanho são equivalentes, então a sensação no pulso vai depender mais do formato do que das dimensões. Quem busca algo mais esportivo ou futurista tende a se dar melhor com o Apple. Já quem quer algo que passe despercebido como “tecnologia”, o Galaxy é mais neutro.
Tela: sol no rosto, brilho no pulso
Ambos os relógios resolveram acabar com aquele drama de não enxergar a tela sob o sol. Tanto o Apple Watch Series 10 quanto o Galaxy Watch 7 oferecem até 2.000 nits de brilho. É absurdo. Você pode correr no meio do deserto, que vai conseguir ver seus batimentos com clareza.
A densidade de pixels é praticamente idêntica: 326 ppi no Apple, contra 330 ppi no Galaxy (modelo de 40mm) e 327 ppi no de 44mm. Ou seja: nitidez não falta pra ninguém.
O diferencial real está no formato: a tela retangular do Apple facilita mais na leitura de texto, nas notificações longas, no uso de listas. Já o formato circular do Galaxy é mais bonito pra quem gosta do visual de relógio analógico, mas exige mais rolagem.
Em termos técnicos, os dois são impecáveis. A diferença está na ergonomia e na maneira como você prefere interagir com os dados.
Desempenho: qual cérebro pensa mais rápido?
Esse é um dos pontos que mais impactam no uso contínuo. O Apple Watch Series 10 vem com o novo chip S10, arquitetura de 64 bits, dual-core, engine neural de 4 núcleos e 64GB de armazenamento. Sim, o dobro da geração anterior.
Já o Galaxy Watch 7 aposta no Exynos W1000, com cinco núcleos, 2GB de RAM e 32GB de armazenamento. Não decepciona. Na prática, tudo abre rápido, responde bem e não há engasgos.
Mas aqui tem uma pegadinha: a fluidez do Apple Watch não vem só do chip, vem da integração com o sistema. O watchOS 11 foi feito pra rodar naquele hardware, enquanto o Wear OS 5, no Galaxy, é mais genérico — mesmo com as otimizações que a Samsung aplicou.
No uso real, ambos vão bem, mas o Apple parece sempre um passo à frente na consistência. Tudo roda liso, até mesmo os recursos mais pesados de monitoramento contínuo.
Bateria: o número oficial não diz tudo
Tá aí um ponto que sempre causa frustração. A Apple continua prometendo 18 horas de uso no Series 10, o mesmo número há gerações. Só que, na prática, a gente sabe que passa disso com certa tranquilidade.
O Galaxy Watch 7 promete 22 horas com a tela sempre ativa. Isso no papel, claro. Ainda assim, é um avanço em relação às versões anteriores da linha Galaxy, que pecavam na autonomia.
A diferença real vai aparecer no tipo de uso. Com LTE ativado, brilho alto e rastreamento de sono, nenhum dos dois vai durar dois dias inteiros sem carregar. Mas se o uso for moderado, o Galaxy tende a segurar um pouco mais.
Só que… esse “um pouco mais” nem sempre compensa se você considerar o quanto o watchOS gerencia bem a energia. A Apple é conhecida por entregar mais do que promete nesse quesito.
Conectividade: empate técnico
Aqui ninguém fica pra trás. Ambos oferecem Wi-Fi, Bluetooth 5.3, GPS, LTE (opcional) e banda ultralarga (UWB). Isso significa que você pode deixar o celular em casa, fazer chamadas, pagar com o relógio, se localizar, e ainda encontrar objetos com precisão.
A diferença, novamente, não está no que eles oferecem — mas no quão bem cada sistema lida com isso. E de novo, a Apple tem um trunfo: o ecossistema. A forma como tudo se conecta entre iPhone, iPad, Mac, AirPods e Apple Watch é quase mágica.
No Galaxy, essa integração funciona melhor com dispositivos da própria Samsung. Se você usa um Android de outra marca, já perde um pouco da fluidez. Não quebra nada, mas fica menos automático.
Sistema e recursos: dois universos paralelos
O watchOS 11, no Series 10, traz novos recursos como monitoramento de carga de treino, personalização dos anéis de atividade, app de sinais vitais e melhorias nas atividades aquáticas. É um sistema maduro, com visual coeso e uma loja de apps bastante variada.
O Wear OS 5, no Galaxy Watch 7, veio mais enxuto e otimizado. O sistema é rápido, mais estável que nas versões anteriores, e finalmente tem uma seleção decente de apps — embora ainda menor que a da Apple.
Nos dois, você tem chamadas, mensagens, controle de música, notificações, calendário, mapas, pagamentos por aproximação. Mas a diferença está na qualidade da execução.
A experiência de uso contínuo no Apple Watch é mais polida. Tudo é mais intuitivo, menos bugado, mais responsivo.
Saúde: sensores e algoritmos de respeito
Aqui o jogo é apertado. Os dois relógios monitoram sono, batimentos cardíacos, VO2 máximo, oxigenação do sangue, nível de estresse e até apneia do sono. Sim, apneia — recurso que até pouco tempo era exclusivo de aparelhos médicos.
O Apple Watch Series 10 trouxe também um medidor de profundidade para mergulhos leves, e mantém todos os alertas automáticos de saúde: batimentos irregulares, quedas, acidentes graves.
O Galaxy Watch 7 vai além em alguns dados corporais, como composição corporal, idade metabólica e até análise de glicação (AGEs), que dá uma ideia do envelhecimento celular. Só que — de novo — esses recursos avançados só funcionam com celular Galaxy.
Ambos tentam transformar dados brutos em dicas úteis, mas o Galaxy foca mais em “energia diária” e bem-estar geral, enquanto a Apple aposta na continuidade, nos padrões, nas comparações com sua própria média.
No fim das contas… quem merece seu pulso?
A resposta mais honesta seria: depende do seu celular. Mas vamos além. Se você usa iPhone, o Apple Watch Series 10 não só é o mais indicado — ele é o mais completo. Funciona como uma extensão natural do seu telefone, da sua saúde, da sua rotina. E não exige malabarismos pra isso.
Ele tem o sistema mais estável, o desempenho mais fluido, e a melhor integração com o que você já usa. E isso vale muito mais do que meia hora extra de bateria.
O Galaxy Watch 7 é uma baita evolução. É bonito, cheio de dados incríveis sobre o seu corpo e muito mais democrático na aparência. Mas ainda depende do celular certo pra brilhar. E isso limita. Mesmo pra quem é do time Android, vale pensar duas vezes.
O Apple Watch Series 10 é quase como aquele relógio que você esquece que está usando — até a hora que ele te avisa de algo importante. E aí você lembra por que confiou nele.