Nem todo mundo quer um relógio bonitinho pra combinar com o look do dia. Às vezes, o que a gente precisa é de um relógio que aguente pancada, que não te deixe na mão no meio de uma trilha e que funcione quando o sinal do celular já ficou pra trás há horas. Foi aí que o Amazfit T-Rex 3 nos chamou atenção logo de cara. Ele é parrudo, direto, sem frescura — parece feito pra quem não tem tempo a perder. Já o Samsung Galaxy Watch Ultra aparece com uma proposta quase oposta: mais elegante, mais conectado, cheio de truques tecnológicos e com aquele toque premium que faz diferença no dia a dia.
É até curioso como dois relógios com o mesmo objetivo — te acompanhar em aventuras — podem ser tão diferentes. De um lado, a sensação de estar pronto pra guerra. Do outro, a certeza de que você tem praticamente um computador no pulso. A verdade é que os dois fazem sentido dependendo do seu estilo de vida. E é justamente por isso que essa comparação ficou tão interessante. A gente testou, analisou, suou com eles no braço e agora vai te contar, ponto a ponto, o que realmente muda entre os dois.
Estilos opostos de “relógio casca-grossa”
Existem várias formas de passar a sensação de resistência, e esses dois modelos apostam em caminhos bem diferentes. O Amazfit T-Rex 3 aposta num design militar, com moldura metálica, vidro Gorilla Glass e certificações de nível militar contra choque, poeira e água. Quando você coloca ele no pulso, sente que está com algo quase indestrutível. O formato octogonal e o tamanho imponente — são 48 mm — lembram mais um equipamento de missão do que um acessório.
Já o Galaxy Watch Ultra consegue ser resistente sem parecer agressivo. Ele usa titânio na construção, o que garante leveza e uma durabilidade absurda. A tela é de cristal de safira, que praticamente não risca, e o visual geral tem aquele ar futurista, limpo, que parece saído de um filme de ficção científica. Com 47 mm, ele é só um milímetro menor, mas parece muito mais refinado no braço.
No fim das contas, o T-Rex 3 tem uma presença intimidadora. O Galaxy Watch Ultra tem uma presença sofisticada. Um parece gritar “sobrevivência”, o outro sussurra “controle total”.
Telas AMOLED poderosas, mas com jeitos bem diferentes de mostrar tudo
Os dois têm telas excelentes, isso é fato. Mas a forma como essa qualidade é usada muda bastante. No Amazfit T-Rex 3, a tela AMOLED de 1,5 polegada impressiona mais pelo brilho do que pela fluidez. Com picos de 2.000 nits, ele continua perfeitamente visível mesmo sob sol direto. A interface é prática, sem muita animação ou firula, com widgets úteis e atalhos que funcionam até com luva.
O Galaxy Watch Ultra tem uma tela um pouco menor, com 1,4 polegada, mas a integração com o Wear OS eleva tudo a outro nível. As animações são suaves, as transições têm aquele toque de polimento e dá pra personalizar quase tudo, desde mostradores até notificações. Mesmo com um brilho menor que o T-Rex, a qualidade geral da experiência visual é mais refinada, mais moderna, mais “smartwatch completo” do que “relógio de aventura”.
Se você quer algo funcional e direto, a tela do T-Rex é impecável. Mas se valoriza uma interface elegante e cheia de possibilidades, o Watch Ultra dá um show.
Autonomia de bateria: um abismo que não dá pra ignorar
Aqui, a diferença é tão grande que chega a ser engraçada. Enquanto a maioria dos smartwatches mal chega a dois dias de uso, o T-Rex 3 parece funcionar com mágica. São até 27 dias de uso típico e 42 horas de GPS contínuo. Sim, você pode viajar, acampar, esquecer o carregador e ainda voltar pra casa com carga.
O Galaxy Watch Ultra… bom, ele faz o que dá. São cerca de 100 horas de uso normal, o que já é muito para um relógio com tantas funções, e 20 horas de GPS. Dá conta de um final de semana de uso intenso, mas vai te deixar procurando uma tomada se a trilha durar mais que isso.
Para quem prioriza autonomia acima de tudo, não existe comparação: o T-Rex 3 está anos-luz à frente. É o tipo de relógio que você esquece que precisa carregar. O Galaxy, por mais potente que seja, ainda exige atenção nesse ponto.
Monitoramento de saúde: entre o essencial e o laboratório portátil
Os dois relógios oferecem uma boa gama de sensores, mas com objetivos diferentes. O T-Rex 3 vai direto ao ponto: monitora batimentos cardíacos, oxigenação do sangue, sono, tem altímetro barométrico e GPS de alta precisão. Também permite conectar cintas de frequência e medidores externos, ótimo pra quem treina pesado.
O Galaxy Watch Ultra, por outro lado, parece querer fazer papel de médico. Além de tudo que o T-Rex já oferece, ele mede composição corporal, pressão arterial e até faz ECG. E tudo isso está perfeitamente integrado ao Samsung Health e aos apps do Wear OS, o que dá uma dimensão muito mais profunda dos dados.
Se o que você busca é ter informações completas, cruzadas e acessíveis num só lugar, o Ultra te dá isso com uma organização quase clínica. Já se a ideia é apenas acompanhar treinos e saúde básica com precisão, o T-Rex entrega sem enrolar.
GPS e esportes: pronto para a selva ou para a cidade?
Ambos são bem precisos graças ao GPS de banda dupla, mas a forma como se comportam nas atividades físicas mostra o quanto eles foram pensados para públicos distintos. O Amazfit T-Rex 3 aguenta até 42 horas de rastreamento contínuo, o que permite encarar trilhas, escaladas e maratonas de vários dias sem pausa. Ele ainda reconhece 170 atividades esportivas diferentes, incluindo natação em águas abertas e mergulho até 45 metros.
O Galaxy Watch Ultra também rastreia muito bem, mas com apenas 20 horas de autonomia no GPS, você precisa calcular melhor suas aventuras. Ele brilha mais no uso urbano: integração com Google Maps, aplicativos de navegação avançada e feedbacks em tempo real são perfeitos pra quem se move entre o asfalto e a academia.
Na prática, o T-Rex 3 foi feito pra quem se perde de propósito. O Ultra, pra quem se acha em qualquer lugar com estilo.
Recursos inteligentes: um smartwatch completo contra um relógio prático
Essa é talvez a parte mais desequilibrada do comparativo. O T-Rex 3 não esconde que é um relógio esportivo com funções inteligentes, não o contrário. Ele exibe notificações, permite comandos básicos por voz via app da Zepp, mostra previsão do tempo e controla músicas do celular. Mas só. Não dá pra responder mensagens, instalar apps ou pagar coisas por aproximação.
Já o Galaxy Watch Ultra… é outro jogo. Com o Wear OS, ele tem Google Assistant, Google Pay, Spotify com modo offline, YouTube Music, Google Maps e uma loja imensa de aplicativos. Dá pra atender chamadas, mandar mensagens por voz ou texto, controlar casa inteligente e sincronizar tudo com outros dispositivos Android.
É literalmente um mini smartphone no pulso. Se você vive conectado, não tem como abrir mão desse tipo de funcionalidade. O T-Rex é prático, funcional, mas claramente limitado nesse ponto.
Conclusão: o que surpreendeu, o que decepcionou e o que ninguém te conta
Essa comparação deixou a gente com sentimentos mistos. O Amazfit T-Rex 3 é o típico “cavalo de carga”: incansável, resistente, confiável. É aquele relógio que você coloca no braço e esquece. Ele não quebra, não descarrega, não atrapalha. Só funciona.
O Galaxy Watch Ultra é puro luxo funcional. A construção em titânio, a tela elegante, o ecossistema fluido, os sensores de saúde quase médicos — tudo isso mostra que ele é pensado pra quem quer tecnologia de ponta o tempo todo, mesmo suando.
Mas sabe o que nos pegou de surpresa? A diferença brutal na autonomia. É quase constrangedor colocar os dois lado a lado nesse quesito. O Ultra pode até ser mais esperto, mas o T-Rex vence na raça.
Por outro lado, o que decepcionou no T-Rex foi justamente isso: ele é excelente no que se propõe, mas parece não querer ir além. Nenhum esforço real pra se tornar mais “inteligente”. Nem uma tentativa de integração mais ampla.
O Galaxy Watch Ultra, mesmo custando mais e exigindo mais recarga, entrega uma experiência tão completa que fica difícil competir. Ele faz tudo — e faz bem. Quem curte explorar a natureza mas também depende do Google Assistant no dia a dia vai se sentir em casa.
Se você quer algo pra sumir no mato, o T-Rex vai ser seu parceiro. Mas se quer um relógio que te acompanhe do cume da montanha até a sala de reunião, o Galaxy Watch Ultra é, sem dúvida, o mais completo. Mesmo que precise ser recarregado antes da próxima aventura.