Não dá mais pra fingir que relógio inteligente é só pra contar passos. Quando a gente olha o que o Amazfit Active 2 e o Redmi Watch 5 prometem, fica claro que o papo agora é outro. São dois modelos que tentam entregar experiência de smartwatch premium sem cobrar como se fossem. O detalhe é que cada um aposta num caminho diferente pra chegar lá.
De um lado, o Active 2 traz aquele ar clássico e esportivo, com visual redondo e corpo que mistura sofisticação com praticidade. Do outro, o Watch 5 é pura modernidade: tela gigante, interface enxuta e foco total em eficiência e duração de bateria.
Ambos monitoram saúde, têm GPS, fazem chamadas e apostam em recursos que facilitam o cotidiano. Mas a sensação, testando os dois no braço, é que só um deles acerta mais em cheio no que promete.
Dois estilos, duas intenções

A primeira impressão vem forte: são dois relógios que não querem ser confundidos. O Amazfit Active 2 tem caixa redonda de 44 mm, corpo em aço inoxidável e acabamento que lembra relógio tradicional. É aquele visual que encaixa fácil tanto na academia quanto em reuniões.
Já o Redmi Watch 5 aposta num formato retangular, bordas finas e estrutura de alumínio, com um toque minimalista e leveza absurda — só 33,5 gramas sem a pulseira. No pulso, ele desaparece de tão discreto, mas passa a sensação de ser mais “gadget” do que acessório.
Um detalhe interessante é a coroa giratória do Watch 5, que funciona muito bem pra navegar nos menus. No Active 2, a navegação é toda na tela, o que é ok, mas não tão prático quanto girar e clicar.
Se o que você quer é um relógio com aparência mais “séria”, o Active 2 acerta em cheio. Agora, se a sua praia é leveza e tecnologia no visual, o Watch 5 é a escolha mais natural.
Telas que impressionam, mas por motivos diferentes
Ambos têm painel AMOLED, e isso por si só já garante pretos profundos e cores vivas. Mas eles seguem caminhos diferentes na entrega da experiência.
O Redmi Watch 5 vem com uma tela de 2,07 polegadas, com resolução de 432 x 540 e taxa de atualização de 60 Hz. É uma tela absurda de espaçosa, que faz qualquer notificação parecer clara e grande. Ideal pra quem quer ler mensagens ou ver dados do treino sem esforço.
O Amazfit Active 2, por sua vez, tem uma tela de 1,32 polegada, menor no papel, mas com resolução mais densa (466 x 466 pixels) e um brilho que realmente impressiona — são 2.000 nits, contra pouco mais da metade no Redmi. Em pleno sol, não tem comparação: o Active 2 é visivelmente mais legível.
Então, aqui é uma questão de prioridade. Se você quer mais espaço e leitura confortável, o Watch 5 ganha. Se o seu foco é visibilidade perfeita em qualquer luz, o Active 2 leva.
Monitoramento de saúde confiável e sem firula
Nesse quesito, eles falam praticamente a mesma língua. Ambos monitoram batimentos cardíacos, SpO2, estresse e sono. E os dois fazem isso com precisão respeitável, dentro da margem de erro esperada pra wearables.
O que diferencia um pouco é o sensor utilizado. O Amazfit Active 2 traz o BioTracker PPG 6.0, que é a versão mais recente da marca, com boa estabilidade de leitura. O Redmi Watch 5 usa um chip AF otimizado, que se mostrou eficiente tanto em repouso quanto durante atividades.
Ambos entregam análises bem apresentadas, com insights e gráficos úteis. Mas nenhum dos dois se conecta com cintas cardíacas externas nem oferece ferramentas mais avançadas de performance. São ótimos pra acompanhar saúde no dia a dia, mas não vão substituir um Garmin de triatleta.
GPS na prática: serve, mas com ressalvas

Tem GPS? Sim. Ambos contam com suporte a múltiplos sistemas (GNSS) e funcionam bem em áreas abertas. A conexão é rápida, a rota é estável, e a precisão é boa o suficiente pra corridas, caminhadas e pedaladas recreativas.
Mas nenhum dos dois opera com GPS de dupla frequência, então em áreas urbanas com prédios altos ou trilhas mais fechadas, podem ocorrer desvios no mapa.
O ponto de vantagem aqui é discreto, mas importante: o Active 2 tem altímetro barométrico. Isso significa que ele mede variações de altitude com mais precisão. Pra quem faz trilha, escada ou qualquer atividade com desnível, esse dado faz diferença.
O Watch 5 não tem essa função, o que limita um pouco a profundidade dos dados em atividades verticais.
Chamadas no pulso? Sim, mas cada um à sua maneira
Os dois fazem chamadas via Bluetooth, e os dois fazem bem. Mas o Redmi Watch 5 surpreende pela clareza das ligações, graças à tecnologia de redução de ruído com dois microfones. Mesmo em ambiente barulhento, dá pra conversar sem estresse.
O Amazfit Active 2 também faz ligações, mas com uma proposta mais completa: tem microfone, alto-falante e integração com assistente de voz via Zepp Flow AI. Você pode perguntar sobre o tempo, iniciar um treino ou até controlar a música com comandos falados.
É uma experiência mais “smart” no sentido literal. Se você gosta de interagir por voz e quer uma experiência próxima de um assistente pessoal, o Active 2 é mais funcional.
Pagamentos por aproximação: aqui só um participa do jogo
Essa parte é bem simples: o Amazfit Active 2 tem NFC para pagamentos com o Zepp Pay — limitado a algumas regiões europeias. Já o Redmi Watch 5 não tem NFC, ponto.
Mesmo com restrição regional, o simples fato de estar preparado para essa função já é um diferencial. Se você viaja ou mora numa região compatível, o Active 2 oferece uma independência extra do celular ou da carteira.
Música no pulso: só um tem armazenamento
Surpreendentemente, o Redmi Watch 5 permite armazenar músicas diretamente no relógio. Dá pra parear com um fone Bluetooth e sair pra correr sem levar o celular. É liberdade de verdade, especialmente pra quem se exercita ouvindo playlists fixas.
O Amazfit Active 2 não tem armazenamento interno para músicas. Ele controla o que está tocando no celular, mas é só isso.
Pra quem prioriza música offline, não tem dúvida: o Watch 5 entrega mais.
Interface e uso no dia a dia: dois bons caminhos

Ambos rodam sistemas bem otimizados. O Watch 5 usa o HyperOS da Xiaomi, com boa fluidez, menus organizados e excelente aproveitamento da tela. A coroa giratória também deixa a experiência mais confortável, especialmente pra quem não quer ficar passando o dedo na tela o tempo todo.
O Active 2, com seu sistema baseado no Zepp OS, é igualmente responsivo, mas foca mais na integração com o assistente de voz e nos atalhos rápidos. A navegação é fluida, mesmo sem botão giratório.
Ambos rodam a 60 Hz, então as animações são suaves e agradáveis. Nenhum deles trava ou engasga, mesmo com uso mais intenso.
Bateria: um é resistente, o outro é um tanque
Se tem um ponto onde o Redmi Watch 5 simplesmente humilha concorrentes, é na bateria. São até 24 dias de uso moderado, e mesmo com GPS frequente ele aguenta uma semana sem reclamar. É um nível de autonomia que praticamente elimina a ansiedade de carga.
O Active 2 entrega entre 10 e 19 dias, dependendo do modo. Com GPS ativo direto, dura cerca de 21 horas — suficiente pra uma maratona ou uma longa trilha.
Ambos são muito bons nesse aspecto, mas o Redmi Watch 5 impressiona. É tipo aquele amigo que nunca esquece o carregador — porque não precisa.
E afinal, quem merece o seu pulso?
Essa é a parte difícil. Porque, olhando friamente, os dois entregam muito pelo que custam. Mas o jeito como entregam é diferente.
O Amazfit Active 2 oferece um pacote mais completo, mais versátil e com funções que o aproximam de um smartwatch real: tem assistente de voz, NFC, altímetro, chamadas no pulso e sensores de alta precisão. Pra quem busca independência do celular e quer usar o relógio como ferramenta do dia a dia, ele é mais funcional.
O Redmi Watch 5 aposta na experiência visual, na bateria gigante, nas ligações com qualidade absurda e na leveza que faz diferença no uso contínuo. E ainda entrega armazenamento de música offline, o que muitos modelos bem mais caros não têm.
Mas falta a ele aquele algo a mais que transforma um relógio bom em algo realmente multifuncional. A ausência de NFC, de assistente de voz e de sensores mais avançados pesa, principalmente se você espera um smartwatch mais completo.
Se a sua prioridade é autonomia, tela grande e praticidade, vai de Redmi Watch 5 sem pensar muito. Mas se o seu foco é funcionalidade, interação e recursos que fazem o relógio virar quase um substituto do celular, o Amazfit Active 2 é a escolha mais inteligente.
No fim, tudo depende de como — e quanto — você quer usar. Porque relógio bom tem aos montes. O difícil mesmo é encontrar um que funcione pra sua rotina, e não o contrário.


