Quando a gente finalmente decide investir em uma tableta gráfica, espera que ela resolva mais do que traga novas dúvidas. Mas a realidade é outra: são tantas opções, modelos, marcas… que dá até dor de cabeça. E o pior é que todas prometem mundos e fundos. A escolha entre a Wacom Intuos Pro S, a XP Pen Artist 12 Pro e a Huion Kamvas Pro 13 é um típico caso de “e agora?”. Já testamos várias ao longo dos anos e, olha, essas três conseguem confundir qualquer um.
A Wacom Intuos Pro S tem o selo de confiabilidade que vem com décadas de mercado, e isso ainda pesa. A XP Pen Artist 12 Pro quer mostrar serviço com um pacote de recursos interessante, sem pesar no bolso, enquanto a Huion Kamvas Pro 13 parece querer ser boa em tudo — e, surpreendentemente, chega bem perto.
Neste comparativo, vamos abrir o jogo e mostrar onde cada uma acerta, onde derrapa e, principalmente, qual delas entrega mais pelo que você vai pagar.
Três personalidades diferentes em forma de tableta

Não dá para ignorar o peso do nome Wacom. Quem já teve uma, sabe como ela transmite uma sensação de confiança imediata. O acabamento é impecável, a caneta parece parte do nosso corpo, e os drivers costumam funcionar direto, sem drama. A Intuos Pro S mantém esse legado, mesmo sendo a mais básica da linha. Só que aqui já começa uma questão: é uma tableta sem tela. Ou seja, a experiência de uso é outra.
A XP Pen Artist 12 Pro é mais direta: tem tela, caneta com 8192 níveis de pressão, boa ergonomia e preço acessível. Ela é claramente pensada para quem quer desenhar direto na tela, como se fosse papel. Só que a construção não tem aquele ar “premium”. Parece mais funcional do que elegante. Mas… ela entrega.
A Huion Kamvas Pro 13 é a que mais surpreende no conjunto da obra. Ela traz uma tela linda, caneta precisa, acabamento mais refinado do que as versões anteriores da marca e ainda inclui suporte na caixa. Parece pequena a diferença, mas na hora de trabalhar, faz uma baita diferença.
Compatibilidade com programas: quem dá menos trabalho?
Se tem algo que já nos fez perder horas preciosas foi a luta com drivers. Quem nunca passou por isso?
A Wacom Intuos Pro S é praticamente plug and play. Liga, instala, e pronto — o Photoshop já responde como se estivesse esperando por ela. É compatível com todos os principais softwares gráficos, sem precisar de gambiarras ou ajustes chatos. E isso salva tempo.
A XP Pen Artist 12 Pro e a Huion Kamvas Pro 13 melhoraram muito nesse sentido, especialmente nos últimos anos. Hoje, ambas funcionam bem em Windows, MacOS e até Linux, dependendo do modelo e versão. Mas ainda rola uma ou outra dor de cabeça com drivers mais antigos ou atualizações inesperadas. É mais uma questão de ajuste fino, de saber onde clicar e o que instalar — nada que quebre a experiência, mas também não é tão imediato quanto na Wacom.
Então sim, dá para usar qualquer uma com seus programas favoritos. Mas se você quer ligar e sair criando, sem medo de erro, a Wacom ainda leva vantagem nesse ponto.
Níveis de pressão e resposta: o traço que você sente

Esse aqui é um dos pontos que mais gera polêmica. E, sinceramente, a ficha técnica pode enganar.
XP Pen Artist 12 Pro e Huion Kamvas Pro 13 vêm com 8192 níveis de pressão, o que virou o novo padrão de sensibilidade. A resposta é boa, fluida e, em muitos casos, até impressiona. Você sente o controle do traço desde o esboço até a finalização.
Já a Wacom Intuos Pro S, com seus 2048 níveis, parece que está ficando para trás. Só que aí é que está: a sensibilidade da Wacom é mais inteligente. A leitura da pressão é mais refinada, então, mesmo com menos níveis, o traço se comporta de forma suave e previsível. Não é só número, é como o sensor interpreta o seu gesto.
Todas reconhecem inclinação da caneta, o que ajuda muito para quem simula pinceladas, lápis ou caligrafia. Mas a precisão bruta e a sensibilidade mais alta ainda fazem XP Pen e Huion parecerem mais modernas nesse ponto — especialmente em traços muito leves.
Tela embutida: desenhar vendo o que se faz muda tudo
Esse talvez seja o ponto mais decisivo da comparação. Porque, convenhamos, desenhar olhando para um lugar enquanto sua mão está em outro… nunca foi muito natural.
A Wacom Intuos Pro S exige esse tipo de coordenação. E, embora muitos se acostumem, a ausência de tela integrada é uma limitação real.
Tanto a XP Pen Artist 12 Pro quanto a Huion Kamvas Pro 13 têm telas de 1920 x 1080 px, com boa nitidez e resposta. Dá para desenhar, pintar, editar e navegar com precisão. Mas aí a Huion puxa a vantagem.
Com 120% da gama sRGB, a Kamvas Pro 13 entrega cores mais vivas, mais próximas do real. Para quem trabalha com ilustração ou design, isso muda completamente o jogo. A XP Pen, com 72% NTSC, fica mais apagada — funciona, mas não encanta.
Ver seu trabalho ganhar forma direto na tela, com cores fiéis, é outro nível de experiência. E aqui, a Huion acerta em cheio.
Tamanho útil e conforto: quem oferece mais espaço?

A gente subestima a importância da área ativa até começar a fazer projetos longos e perceber que está espremido num canto.
A Wacom Intuos Pro S tem 157 x 98 mm de área útil, o que é pouco. Para edições rápidas, beleza. Mas para ilustrações mais amplas, você acaba limitado.
A XP Pen Artist 12 Pro oferece 256 x 144 mm, e a Huion Kamvas Pro 13 amplia ainda mais, com 293 x 154 mm. Isso se traduz em liberdade de movimento e precisão nos detalhes.
A Huion ainda acompanha um suporte ajustável, o que facilita muito encontrar uma posição confortável. Trabalhar com a tableta inclinada do jeito certo reduz dores e cansaço. A XP Pen também manda bem nesse quesito, mas o suporte é um pouco mais simples.
Na Wacom, esse acessório é vendido à parte. Parece detalhe, mas na prática vira gasto extra — e mais uma coisa para decidir depois da compra.
Navegação, botões e gestos: agilidade conta (e muito)
Quando você entra no ritmo, qualquer interrupção ou clique a mais incomoda. E aí, os atalhos físicos fazem diferença.
A Wacom Intuos Pro S tem suporte a gestos multitouch, como pinça para zoom e rotação com dois dedos. Funciona bem e lembra o uso de um trackpad. Os botões são personalizáveis e de resposta rápida.
A XP Pen Artist 12 Pro traz uma roda giratória que, sinceramente, é uma das mais práticas que já usamos. Ela gira com suavidade e permite ajustar zoom, tamanho do pincel e outros atalhos sem esforço.
A Huion Kamvas Pro 13 aposta numa barra sensível ao toque. Funciona, mas às vezes responde demais ou de menos — falta aquele “clique” físico que nos dá mais controle. Os botões são bem posicionados, mas a experiência é menos intuitiva do que na concorrente da XP Pen.
Se você é do tipo que personaliza tudo e trabalha rápido, a XP Pen pode agradar mais nesse ponto.
Canetas e conexões: liberdade ou amarra?
Hoje em dia, caneta com bateria é quase uma piada. Felizmente, nenhuma das três usa isso.
A Wacom Grip Pen é excelente: leve, ergonômica e precisa. Já vem com pontas extras e tem uma pegada natural. A XP Pen e a Huion também oferecem canetas sem bateria, com 8192 níveis de pressão, e todas se comportam bem.
A grande virada vem na conectividade. A Intuos Pro S é a única que vem com kit sem fio de fábrica. Isso significa que você pode usar via Bluetooth, sem nenhum cabo atrapalhando. Para quem gosta de setups limpos ou trabalha em lugares diferentes, isso é ouro.
XP Pen e Huion precisam de cabo — e não é pouca coisa: são pelo menos dois conectores em uso. Isso limita a portabilidade e exige planejamento de espaço na mesa.
E se der problema? Quem responde mais rápido?

Suporte técnico é aquele detalhe que a gente só lembra quando já deu ruim. E a diferença entre marcas pode ser gritante.
A Huion tem se mostrado muito eficiente nesse quesito. Respostas rápidas, firmware atualizado com frequência e atendimento direto, via e-mail ou chat. A XP Pen está no mesmo caminho: o suporte tem sido ágil e resolve bem a maioria das questões.
A Wacom, curiosamente, deixa a desejar. O atendimento é mais formal, demorado, e às vezes dá a sensação de que você está falando com um manual automatizado. Claro que existe uma base de conhecimento extensa e fóruns ativos, mas quando o problema exige resposta humana, falta velocidade.
Para quem depende do equipamento todos os dias, esse tipo de demora pesa.
A tal da escolha: e agora?
Chegar até aqui já cansa. Mas agora que a gente destrinchou tudo, dá para ver com mais clareza o que cada tableta entrega — e o que fica faltando.
A Huion Kamvas Pro 13 nos pegou de surpresa em vários aspectos: a tela é vibrante, o traço responde bem, o suporte incluso faz diferença e o conjunto entrega mais do que a faixa de preço sugere. A experiência de uso é suave, mesmo em sessões longas. Não parece “segunda linha”, como muitos ainda acham quando veem a marca.
A Wacom Intuos Pro S, apesar da fama, parece ter ficado parada no tempo. Sem tela, com menos níveis de pressão e cobrando mais caro por acessórios básicos. Para quem já está acostumado com o ecossistema Wacom, talvez ainda faça sentido. Mas para quem está começando ou buscando uma atualização, fica difícil justificar.
A XP Pen Artist 12 Pro cumpre o que promete, mas em certos detalhes parece mais crua. A roda física é excelente, mas a tela perde feio para a da Huion. O acabamento também deixa a desejar em relação às outras duas.
Se a pergunta é qual vale mais a pena em 2025, a resposta está clara pra nós: é a Huion Kamvas Pro 13. Ela equilibra modernidade, conforto e recursos técnicos como ninguém. E o melhor: sem custar os olhos da cara.



