A gente vive rodeado de barulho. Gente falando alto no ônibus, ar-condicionado roncando no escritório, vizinho reformando bem na sua folga… E é aí que entra aquele desejo por silêncio. Só que nem todo fone com cancelamento de ruído entrega a paz que promete. O Sony WH-1000XM5 é o topo de linha que quer te isolar do mundo com estilo. O WH-CH720N, por outro lado, tenta oferecer algo parecido por bem menos. Mas será que dá conta?
Esses dois modelos até parecem primos: ambos são over-ear, sem fio, e têm cancelamento ativo de ruído. Mas quando você começa a usar no dia a dia — no trajeto, no trabalho, em casa — percebe que a diferença vai muito além do preço.
Vamos direto ao ponto: o que separa os dois não é só o valor, mas o quanto eles se adaptam a diferentes tipos de rotina, expectativa e nível de exigência com som, conforto e inteligência.
Construção e conforto: leveza ou sofisticação?
O que mais surpreende no CH720N é o quanto ele é leve. Com estrutura toda em plástico, ele mal pesa na cabeça — e isso faz diferença se você usa fone o dia inteiro. Mas tem um preço: a construção passa uma sensação mais simples, quase frágil. Ele não dobra, não vem com case rígido e as conchas não giram tanto, o que atrapalha na hora de guardar ou apoiar no pescoço.
Já o XM5 é outra história. Com acabamento premium, conchas giratórias e um estojo moldado incluso, ele já chega com cara de produto de luxo. A haste tem acolchoamento macio, as almofadas são mais densas e profundas — isso melhora a vedação e também o conforto em longas sessões.
Se você usa óculos ou trabalha muitas horas com o fone, o XM5 é mais gentil com sua cabeça. Mas ele também é mais pesado — e pode não agradar quem procura algo mais discreto ou portátil.
Cancelamento de ruído: não é só ligar e pronto
Essa é, de longe, a maior diferença entre eles. O XM5 usa múltiplos microfones e dois processadores só pra lidar com o ruído externo — e faz isso de forma absurda. Motor de avião? Sumiço. Vozes em cafeteria? Vai por água abaixo. Ele isola até sons médios com precisão, criando um silêncio que parece irreal.
O CH720N tem cancelamento ativo, sim, mas… mais contido. Filtra ruídos graves e constantes, como ventiladores ou tráfego leve, mas não segura vozes ou sons intermitentes. É útil? Claro. Mas não espere aquele silêncio absoluto do XM5.
Além disso, o XM5 ajusta o nível de cancelamento automaticamente conforme você anda, para, entra num lugar novo. É uma automação que faz o fone parecer que te conhece. O CH720N? Nada disso. Aqui, o controle é manual mesmo.
Qualidade sonora: perfil casual vs. áudio com detalhes
Se você gosta de ouvir música no modo “relaxa e deixa tocar”, o CH720N vai te satisfazer. Ele entrega um som encorpado, com graves reforçados, médios confortáveis e agudos suaves. Funciona muito bem pra pop, hip hop, podcast. Não distorce, não cansa — só não impressiona.
Agora, o XM5… esse é pra quem para o que tá fazendo só pra ouvir. Os drivers de 30 mm do topo de linha entregam um som com clareza, separação e equilíbrio que impressionam até os mais exigentes. Dá pra sentir onde cada instrumento tá na mixagem, perceber detalhes escondidos na trilha, distinguir camadas que o CH720N esconde.
E se você curte mexer no equalizador, o XM5 responde de forma mais refinada. Você muda um parâmetro e sente a diferença real no som. No CH720N, o ajuste funciona, mas a resposta é mais limitada.
O XM5 ainda tem suporte ao 360 Reality Audio, aquele formato imersivo que tenta recriar uma sala de som ao seu redor — útil pra quem usa Tidal, Deezer HiFi ou serviços compatíveis. No CH720N, nada disso.
Controles e experiência de uso: toque, sensores e truques
Nos botões, o CH720N é tradicional. Três botões físicos bem marcados, nada de segredos. Funciona, mas exige apertar com força, o que pode incomodar depois de um tempo.
No XM5, os comandos são por toque na lateral direita — desliza pra mudar de faixa, dá dois toques pra pausar, segura pra acionar o assistente. É suave, rápido e deixa a experiência mais fluida.
E tem mais: o XM5 pausa a música quando você tira o fone da cabeça e volta a tocar quando você coloca de novo. Coisa de sensor de presença, que o CH720N não tem.
Também tem o “Quick Attention”, que abaixa o volume e ativa o microfone externo quando você cobre o fone com a mão. Vai pedir café? Vai falar com alguém no balcão? É só um gesto. Muito mais prático do que ficar pausando tudo.
Conectividade e compatibilidade: os dois cumprem bem
Aqui os dois modelos se encontram mais. Ambos se conectam por Bluetooth com boa estabilidade, funcionam bem em Android, iOS e PC, e oferecem conexão multiponto — ou seja, dá pra parear com dois dispositivos ao mesmo tempo.
A diferença real aparece no suporte a codecs. O XM5 oferece LDAC — o codec da Sony que transmite áudio em alta qualidade por Bluetooth. Se você tem um dispositivo compatível, o ganho na fidelidade é notável. O CH720N só usa SBC e AAC.
Os dois têm entrada 3,5 mm, o que é ótimo. Acabou a bateria? É só plugar o cabo.
Bateria: quem dura mais?
Os dois são impressionantes nesse quesito. O CH720N aguenta até 35 horas com ANC ligado, e pode passar de 50 horas sem ele. Isso é muita coisa — ideal pra viagens longas ou semanas sem precisar recarregar.
O XM5 não fica tão atrás: 30 horas com ANC, 40 sem. A diferença existe, mas é pequena demais pra ser decisiva.
Ambos têm carregamento rápido via USB-C. No XM5, 3 min de carga rendem até 3 horas de música — perfeito pra correria.
Inteligência e extras: o XM5 é quase um assistente pessoal
O XM5 parece um fone que pensa. Ele ajusta o som com base no ambiente, reconhece locais que você frequenta, muda de perfil automaticamente, se integra com Google Assistant ou Alexa, e aceita comandos por voz com precisão.
O CH720N até conversa com assistentes, mas… é uma experiência mais básica. Não tem microfones dedicados nem inteligência contextual, então tudo depende da sua ação direta.
Chamadas e microfones: clareza que faz diferença
O XM5 tem microfones com cancelamento de ruído pra chamadas, e isso se traduz em uma coisa: a sua voz sai clara mesmo com barulho ao redor. Dá pra atender ligação no meio da rua sem virar um drama.
No CH720N, as chamadas são OK, desde que o ambiente esteja calmo. Em locais barulhentos, a qualidade da sua voz cai — e a outra pessoa percebe.
Então, vale a pena investir no XM5?
A resposta depende do que você procura.
Se você quer apenas um fone confortável, com bom som, cancelamento de ruído básico e bateria infinita — o WH-CH720N resolve bem. Ele é honesto, leve, prático, e funciona perfeitamente pra o dia a dia, estudo ou trabalho remoto. Mas não espere mágica.
Se você quer silêncio de verdade, som refinado, personalização, integração inteligente e uma experiência premium — o WH-1000XM5 entrega tudo isso e mais. Não é só sobre ouvir música, é sobre como você se relaciona com o som no seu cotidiano.
A diferença de preço é grande? É. Mas a diferença na experiência também é. E quando a gente usa todo dia, por horas, isso não é detalhe. É o que faz a compra valer — ou não.