Não adianta: quando a gente investe num fone grande, over-ear, com cancelamento de ruído, não tá só comprando um acessório. Tá comprando paz, conforto, concentração — e sim, som de verdade. Só que escolher entre o Sony ULT Wear, o Beats Studio Pro e o Beats Solo 4 pode ser mais difícil do que parece. No papel, todos prometem muito. Na prática, a história muda — e é aí que a gente entra pra separar expectativa de realidade.
O que a gente descobriu ao usar os três é que eles têm propostas bem distintas, apesar da aparência parecida. O ULT Wear foca em conforto e experiência sonora personalizável. O Studio Pro tenta entregar estilo com um som poderoso. E o Solo 4… bem, o Solo 4 tenta manter a leveza e a identidade Beats. Mas nem todos entregam o que deveriam.
Vamos esmiuçar tudo, começando pelo que você sente primeiro: o encaixe na cabeça.
Conforto e construção: quando cada detalhe pesa

Dá pra saber muito sobre um fone só de colocar ele na cabeça por dois minutos. E foi isso que a gente fez. O Sony ULT Wear surpreende logo de cara com um design dobrável, copas que giram e se moldam à cabeça e um estojo rígido que protege bem o conjunto. Se você carrega o fone na mochila, isso faz toda a diferença.
Já os dois modelos da Beats deixam a desejar aqui. Nem o Studio Pro nem o Solo 4 dobram — e isso, além de atrapalhar o transporte, prejudica o ajuste. As copas são mais rígidas, com menos mobilidade lateral. Em viagens longas ou sessões de uso estendido, você sente isso como pontos de pressão no crânio. Nada agradável.
Além disso, o acabamento das almofadas entrega bastante sobre o conforto: as do Sony são mais profundas, envolvem bem até orelhas maiores. As do Studio Pro são rasas e pressionam a orelha de um jeito que incomoda com o tempo. O Solo 4, por ser on-ear, já parte com desvantagem — ele encosta direto na orelha e a pressão constante acaba cansando.
Outro detalhe que parece bobo, mas muda tudo: o acolchoamento na haste. O Sony vem com espuma generosa e suave. Os Beats, quase nada. Resultado: quem usa óculos, boné ou tem cabelo volumoso tende a sofrer menos com o Sony.
Autonomia: resistência que se sente no fim do dia
Quando o assunto é bateria, cada modelo entrega uma proposta diferente. E não dá pra negar que o cancelamento de ruído pesa nisso.
O Sony ULT Wear oferece até 30 horas com o ANC ligado e até 50 horas sem ele — uma vantagem clara pra quem usa o fone direto. Já o Studio Pro segura 24 horas com cancelamento e 40 sem. O Solo 4 vai além em tempo (até 50 horas), mas não tem cancelamento ativo.
Todos usam USB-C, ótimo. Mas aqui aparece uma das primeiras limitações sérias: o Studio Pro só funciona se estiver ligado, mesmo no cabo. Se a bateria acabar no meio da viagem, não adianta conectar o fio: o fone não liga. Já o ULT Wear e o Solo 4 funcionam mesmo desligados, no modo passivo.
Outro ponto importante é a porta USB-C usada pra áudio: os Beats aceitam áudio digital por USB-C, o Sony não. Em compensação, todos vêm com entrada 3,5 mm e cabo — então, nada de adaptadores esquisitos ou incompatibilidades com aviões ou consoles.
Conectividade e codecs: aqui o ULT Wear deixa os outros pra trás

Quando a gente fala de áudio sem fio, os codecs fazem diferença — e muita. E é aqui que o Sony ULT Wear brilha. Além de SBC e AAC, ele oferece suporte ao codec LDAC, que transmite áudio em alta definição via Bluetooth. Isso é ouro pra quem tem Android e quer tirar o máximo da qualidade sonora.
Já os fones da Beats continuam limitados ao básico: SBC e AAC. Funciona bem com iPhone, mas não passa disso.
O ULT Wear também traz conexão multiponto que funciona com qualquer sistema, ideal pra quem alterna entre notebook e celular. Nos Beats, a alternância existe, mas é menos fluida — especialmente fora do ecossistema Apple.
Cancelamento de ruído: Sony em outro patamar
A diferença aqui é brutal. O ULT Wear entrega um cancelamento de ruído muito mais eficaz. Ele realmente isola ruídos urbanos, motor de avião, vozes em cafés ou aquele ar-condicionado barulhento do escritório. Dá pra perceber a engenharia por trás disso.
O Studio Pro tem cancelamento ativo, sim, mas é mais tímido. Abafa ruídos leves, mas deixa passar sons mais intensos e agudos. Serve pro metrô? Sim. Mas não espere silêncio absoluto.
O Solo 4 simplesmente não tem cancelamento. E isso já o coloca em desvantagem direta, até pelo preço que cobra.
O Sony também traz modo ambiente ajustável e o recurso Quick Attention, que abaixa o volume ao tocar o fone com a mão. É prático e intuitivo. Nada parecido nos Beats.
Controles e sensores: toque bem implementado ou botão tradicional?

Quem prefere controle físico vai curtir os Beats. Os botões são responsivos, mas exigem força — o que te faz pressionar o fone contra a cabeça. Isso se torna desconfortável com o tempo.
Já o Sony aposta no toque — e funciona bem. Os comandos deslizam com naturalidade, sem lag, e raramente registram toques acidentais. Não é perfeito, mas funciona com elegância.
Além disso, só o ULT Wear tem sensor de presença. Tirou o fone da cabeça? A música pausa sozinha. Colocou de novo? Retoma. É o tipo de detalhe que parece irrelevante até você usar — e depois não vive sem.
Qualidade de som: Beats tem grave, Sony tem cenário
Aqui vai depender do gosto — mas a versatilidade do ULT Wear fala mais alto. Os Beats continuam com sua assinatura sonora clássica: graves fortes, presença marcante, boa definição vocal. O Studio Pro, em especial, tem som envolvente e até suporte a áudio espacial — útil pra filmes, desde que você esteja no ecossistema Apple.
Mas o ULT Wear não vem com som engessado. Dá pra mexer no equalizador, aumentar ou reduzir graves, destacar agudos, limpar médios — tudo via app. E se quiser potência, o modo ULT entrega graves que sacodem sem exagero.
Mais importante: o palco sonoro do Sony é muito mais amplo. A separação instrumental é superior, e isso faz diferença real em músicas com arranjos complexos. Jazz, eletrônica, rock progressivo… tudo soa mais “espalhado”, mais tridimensional.
Nos Beats, os instrumentos soam mais juntos, mais compactos. Funciona bem pra pop e hip hop, mas limita a experiência com outros gêneros.
Microfone: vantagem inesperada dos Beats

Surpresa aqui: os Beats Studio Pro e Solo 4 têm microfones melhores. As vozes saem mais nítidas e isoladas em ligações, mesmo com barulho em volta.
O microfone do ULT Wear quebra o galho, mas não é ideal pra chamadas em locais ruidosos. Dá pra usar? Sim. Mas vai rolar interferência.
Então, qual vale a pena?
A gente já sabe que escolher fone não é só sobre o som. É conforto, portabilidade, compatibilidade, praticidade. E o Sony ULT Wear acerta em quase tudo. Ele oferece mais conforto, mais funções, melhor cancelamento de ruído, som mais flexível, emparelhamento mais esperto e uma construção pensada pra quem usa o dia inteiro.
O Studio Pro ainda tem seu charme — principalmente pra quem já vive no ecossistema Apple e prioriza chamadas. Mas ele não entrega o mesmo conforto nem o mesmo isolamento. E isso pesa quando você usa o fone por várias horas.
O Solo 4… sinceramente, não faz muito sentido na comparação. Fica atrás em tudo que importa e só vence em leveza e autonomia — mas sem ANC, sem sensores, sem equalização real. A sensação é de um modelo que parou no tempo.
No fim, o que o Sony ULT Wear entrega é equilíbrio. Não é o mais potente em tudo, mas acerta onde precisa. E no dia a dia, é isso que vale.



