Toda vez que a Apple lança uma nova geração do Apple Watch, a dúvida bate forte: vale mesmo trocar ou é só mais do mesmo com um nome novo? Quando a gente coloca o Series 10 frente a frente com o Series 9, essa pergunta volta com força. Afinal, eles compartilham praticamente todos os recursos principais — mas será que a experiência muda de fato?
Olhando de longe, pode até parecer que não. Mas é só colocar no pulso e começar a usar que algumas mudanças começam a ficar evidentes. Do design mais fino até os novos recursos aquáticos, o Series 10 dá passos que, embora sutis em alguns pontos, fazem diferença pra quem vive com o relógio no braço o dia inteiro.
Vamos destrinchar tudo o que separa — e o que ainda une — essas duas gerações, com olhar prático e direto. Porque nem toda inovação precisa gritar pra fazer sentido.
Design mais fino, leve e funcional: mudança que pesa — ou melhor, alivia

A primeira diferença que você sente, sem precisar ligar o relógio, está na construção. O Series 10 finalmente quebrou a barreira dos 10 mm de espessura, com apenas 9,7 mm. Isso faz com que ele fique mais colado no pulso, menos volumoso sob a manga da camisa e, principalmente, mais confortável durante o sono.
Os tamanhos também mudaram: saem os 41 e 45 mm do Series 9, entram os 42 e 46 mm. Pode parecer pouco, mas a tela maior (e mais bem aproveitada) melhora a leitura de mensagens, notificações e até mostradores mais densos.
E o acabamento? Sai o aço inoxidável, entra o titânio nas versões mais sofisticadas. Isso reduz o peso e aumenta a resistência a riscos. A nova cor Jet Black — exclusiva dos modelos de alumínio — também é um charme à parte, com um brilho discreto que pega a luz de um jeito diferente.
Até a saída de som foi redesenhada: a grelha retangular deu lugar a uma grade microperfurada, mais discreta e com pegada mais refinada.
Tela maior e com ângulo de visão mais generoso
Mesmo sem divulgar o tamanho exato da tela, a Apple confirmou que o Series 10 tem até 9% mais área útil de exibição. Isso se traduz em mais texto nos apps, mais informações nos mostradores e navegação mais fluida sem precisar rolar tanto.
A resolução também sobe: 446 x 374 pixels no modelo menor e 496 x 416 no maior. É um salto leve, mas perceptível na nitidez dos ícones e na fluidez dos movimentos na interface.
E não é só questão de tamanho: a visibilidade lateral foi ampliada em 40%, o que faz diferença real em situações rápidas — tipo uma espiada de lado durante uma corrida ou no trânsito.
O brilho continua em 2.000 nits, o que já era excelente. Mas agora, mesmo em ângulos difíceis, você enxerga tudo com mais clareza. Parece detalhe técnico, mas muda a experiência no uso contínuo.
Chip novo, mas nem tão diferente assim

O nome muda: sai o S9, entra o S10. Mas calma: em termos de desempenho, os dois são praticamente idênticos. O que muda é a forma como o chip é construído — agora em um único lado (single-sided), o que ajuda a reduzir a espessura do relógio.
Ou seja: não espere mais velocidade, mas sim um design mais fino que não sacrifica performance. Tudo continua fluido, responsivo e com as mesmas funções inteligentes baseadas em machine learning — como o gesto “Toque Duplo” (Double Tap), que funciona do mesmo jeito nas duas gerações.
IA no relógio? Ainda não é dessa vez
Com o anúncio do Apple Intelligence, muita gente achou que os novos Apple Watches viriam cheios de truques de inteligência artificial. Mas não. Nem o Series 9, nem o Series 10 acessam os recursos de IA generativa — como resumos de texto ou criação de conteúdo.
Ambos continuam com a Siri local, que responde rápido e funciona sem internet para tarefas simples, como iniciar timers, marcar compromissos ou consultar dados de saúde.
Nada muda nesse ponto. A IA pesada ainda está restrita ao iPhone, iPad e Mac — pelo menos por enquanto.
Saúde e exercícios: mergulho, finalmente

Se você nada, surfa ou curte mergulho leve, o Series 10 é claramente mais interessante. Ele traz sensor de profundidade e temperatura da água, permitindo registrar dados subaquáticos em mergulhos de até 6 metros.
Mais: agora ele é compatível com o app Oceanic+, antes exclusivo da linha Ultra. Isso transforma o relógio em um pequeno computador de mergulho para iniciantes e intermediários.
O novo app Tides também chega pra todos, mas se integra melhor ao Series 10, com mais espaço na tela e dados combinados com o sensor de profundidade.
O resto continua igual: frequência cardíaca, ECG, temperatura da pele, ciclos menstruais e detecção de apneia do sono estão nos dois. Mas atenção: nos EUA, o sensor de oxigenação do sangue (SpO2) está desativado por questões legais — tanto no Series 10 quanto em novas unidades do Series 9.
Ou seja, se você comprou o Series 9 antes da restrição, tem uma vantagem. Caso contrário, esse recurso está fora de combate em ambos.
Usabilidade e funções extras: pequenas adições que somam
A grande novidade no dia a dia está no áudio. O Series 10 agora permite reproduzir podcasts e músicas diretamente no alto-falante embutido. Isso era limitado a chamadas antes. Parece banal, mas é prático — principalmente quando você não quer pegar os fones só pra ouvir uma notificação de áudio ou uma mensagem do WhatsApp.
Fora isso, as funções de estilo de vida continuam iguais: chamadas, Siri, mapas, carteira, notificações, controle de música, registro de medicamentos, tudo segue funcionando do mesmo jeito.
A compatibilidade com pulseiras antigas também está mantida, o que é ótimo pra quem já tem um arsenal de acessórios guardado.
Bateria: mesma promessa, mas com diferença real
Oficialmente, ambos entregam até 18 horas de uso normal e até 36 horas no modo de baixo consumo. Mas no mundo real, o Series 10 vai um pouco além.
Usuários têm relatado entre 34 e 36 horas de uso real no Series 10, contra 30 a 32 no Series 9. É uma diferença sutil, mas perceptível. E mostra que o novo design interno ajuda a consumir menos energia, mesmo com tela maior.
O tempo de recarga continua semelhante: cerca de 1h15 para 80%, 1h30 para 100%.
Conectividade: tudo no lugar, nada novo

Bluetooth 5.3, chip W3, Ultra Wideband de segunda geração, GPS L1 e suporte a LTE nas versões celulares. Em termos de conexão e pareamento, nada muda. A precisão no rastreamento de localização e a fluidez no emparelhamento com o iPhone continuam excelentes nas duas gerações.
O rastreamento preciso via AirTag e a integração com apps de localização também seguem funcionando igual.
Então… vale ou não vale?
Se você já tem um Series 9 em bom estado, a verdade é que não há nada essencial no Series 10 que vá transformar sua rotina. A experiência geral é parecida. Os apps são os mesmos. O desempenho não muda.
Mas se você vem de um Series 7, 6 ou até SE, o Series 10 representa o pacote mais equilibrado até agora. Tela maior, design mais fino, mais leve, melhor visibilidade, funções novas pra esportes aquáticos e um visual mais elegante. Tudo isso junto faz com que ele se destaque como o Apple Watch mais refinado da linha tradicional.
O Series 9 segue como uma boa opção — desde que não seja a versão americana com o sensor SpO2 desativado. Mas o Series 10 é claramente um produto mais pensado, mais maduro, mais preparado pro futuro.
E quando se trata de relógio inteligente, são esses detalhes — e não só os apps — que fazem a diferença no uso diário.


